Atividade da acetilcolinesterase em córtex cerebral e músculo gastrocnêmio como biomarcador do intervalo pós-morte: um estudo experimental em ratos Wistar machos e fêmeas de diferentes idades
Abstract
O intervalo post-mortem (IPM) pode ser definido como o tempo decorrido entre a morte
de um indivíduo até o momento em que o cadáver é encontrado. Os métodos certificados
mais utilizados para estimar o IPM são baseados na observação de fenômenos
cadavéricos que ocorrem imediatamente após a morte. Entretanto, essas metodologias
possuem divergências nos seus resultados que podem chegar a oito horas de diferença,
devido a interferências extrínsecas e intrínsecas. Desta forma, tem sido crescente a
busca por marcadores bioquímicos que possam auxiliar de forma mais precisa na
estimativa do IPM. Nesse sentido, a atividade da enzima acetilcolinesterase (AChE),
encontrada no cérebro e músculo, poderia ser estudada como um possivel marcador
bioquímico de IPM. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade da enzima AChE
no córtex cerebral e músculo gastrocnêmio de ratos fêmeas e machos de diferentes
idades submetidos a protocolo experimental de IPM. Ratos Wistar foram divididos em
fêmeas e machos (jovens, adultos, velhos) de acordo com as horas pós morte (hpm):
Grupo I - 0hpm; Grupo II - 6hpm; Grupo III - 12hpm; Grupo IV- 24hpm; Grupo V- 48hpm.
Os animais foram eutanasiados e mantidos em ambiente com temperatura controlada
até acabar o tempo de pós morte estipulado para cada grupo. Após, foi realizada a coleta
do córtex cerebral e músculo para dosagem da atividade da AChE. Os resultados
demonstraram diferenças na atividade da AChE em relação ao IPM, sexo e idade. Nas
fêmeas, a atividade enzimática no córtex cerebral, reduziu nas jovens a partir das 12 hpm
e nas adultas a partir das 24 hpm. Por outro lado, nos machos, observou-se um declínio
na atividade enzimática dos adultos e velhos das 6 às 48 hpm, quando comparado ao
tempo 0 hpm. Já no músculo gastrocnêmio, as fêmeas apresentaram uma redução da
atividade enzimática nas jovens após 24 hpm, porém, nos machos um declínio da
atividade da AChE foi observado nos jovens a partir das 12 hpm. Não foram observadas
diferenças no músculo em ambos os sexos adultos e velhos. Os resultados sugerem que
a atividade da AChE pode ser um promissor marcador para estimativa do IPM, inclusive
podendo fornecer informações sobre estágios de decomposição relacionados ao sexo e
a idade. A metodologia de determinação desta enzima é rápida, de fácil manuseio e de
baixo custo e poderia ser associada a outros métodos já existentes para a estimativa do
IPM.