Avaliação de características associadas a termotolerância em vacas da raça Holandês de variedade preta ou vermelha
Resumen
O estresse térmico é um dos principais problemas que acometem a atividade leiteira
e ocorre quando há o desbalanço entre calor produzido pelo organismo e absorvido
do ambiente e a capacidade de dissipação, influenciada pela conformação da camada
de pelos e da pele. As colorações da pelagem diferem na absorbância, que em
manchas pretas é de 90%, em manchas vermelhas de 60-70% e em manchas brancas
40%. Geralmente os estudos que comparam a termorregulação na raça Holandês,
incluem animais majoritariamente pretos ou brancos e intermediários e não os
vermelhos. Dessa forma, o estudo teve por objetivo comparar a capacidade
termorregulatória de vacas da raça Holandês de pelagem vermelha e branca ou preta
e branca criadas em sistema semiextensivo, em condições de termoneutralidade e
estresse térmico. Vacas da raça Holandês, criadas em sistema semiextensivo, foram
alocadas nos grupos: grupo HVB, de pelagem vermelha e branca, e grupo HPB, de
pelagem preta e branca. Para cada vaca HVB, buscou-se uma vaca HPB equivalente
quanto a porcentagem de manchas, escore de condição corporal, peso, produção de
leite, dias em lactação, ordem de parição e status reprodutivo. As condições
ambientais foram registradas a cada hora e calculado o índice de temperatura e
umidade (ITU), considerando-se ausência de estresse quando o ITU < 68. A
temperatura interna foi registrada a cada 30min por termômetros intravaginais fixados
em implantes de progesterona novos (n=18). As temperaturas superficial e da
carúncula lacrimal foram obtidas através de imagens termográficas (n=26 na estação
fria; n=34 na estação quente). A taxa de sudação foi estimada por teste colorimétrico
de SCHLEGER e TURNER. Na estação fria, as condições ambientais se mantiveram
na classificação ausência de estresse e a temperatura interna, horas em hipertermia,
taxa de sudação e temperatura da carúncula lacrimal não diferiram entre os grupos.
Apenas a temperatura superficial média (HPB: 30,9±0,3 ºC; HVB: 29,6±0,3ºC; p=0,02)
e máxima (HPB: 32,0±0,3ºC; HVB: 30,9±0,3ºC; p=0,05) foram inferiores no grupo
HVB. Na estação quente, nas horas mais quentes do dia, o ITU foi de estresse leve e
moderado e em alguns momentos atingiu estresse severo, enquanto nas horas mais
frias, a classificação foi de ausência de estresse. A temperatura superficial, da
carúncula lacrimal e interna, horas em hipertermia e taxa de sudação não diferiram
entre os grupos. A temperatura interna média foi discretamente inferior no grupo HVB
(HPB: 38,75±0,01 ºC; HVB: 38,62±0,1 ºC; p=<0,0001). Quando a avaliação foi
segmentada em quartis, observou-se efeito do grupo e do ITU (P<0,001) e não houve
interação (p=0,62). Dessa forma, em estresse térmico leve a moderado, vacas
Holandês vermelhas e brancas não demonstraram ser mais termotolerantes que
vacas pretas e brancas. As alterações estatisticamente significantes não traduzem
vantagens fisiológicas aos animais vermelhos nas condições testadas.