Panorama socioambiental da COVID-19: enfoque no Rio Grande do Sul e suas regiões
Resumo
A disseminação da COVID-19 afetou a população de forma heterogênea, impactando
em diversos setores da sociedade. O agravamento de desigualdades sociais entre os
países e nos próprios, no decorrer da pandemia, atingiu principalmente economias
emergentes, como o Brasil. Impactos sociais, como o aumento do desemprego, fome,
déficit na educação, e impactos ambientais, como alterações na qualidade
atmosférica, foram observados em diversas partes do mundo. Este estudo teve como
objetivo principal realizar um panorama socioambiental desta pandemia
transcendendo os limites nacionais (Brasil), mas com foco principal no estado do Rio
Grande do Sul, a partir de três etapas distintas. Os dados utilizados neste estudo são
de origem secundária e de livre acesso. A etapa 1 realizou uma análise bibliométrica
e sistemática sobre pesquisas acerca da COVID-19 a partir da base de dados Web of
Science, na ampla área de Ciências Ambientais. Foram encontrados 51 artigos na
busca, publicados em 10 periódicos, por 232 autores de diferentes países. Os artigos
analisados tratavam de diferentes temáticas, como educação, saúde, tecnologia,
comportamento social, nos quais todos abordaram os impactos sociais gerados pela
pandemia. Na etapa 2 foi realizada uma análise espacial, através da elaboração de
mapas temáticos do perfil sociodemográfico, da distribuição geográfica e das
características socioambientais das regiões do estado do Rio Grande do Sul atingidas
pela COVID-19 até o início da vacinação a nível nacional, além de correlação espacial
entre as capitais regionais do estado. Verificou-se que, nas nove Regiões Funcionais
de Planejamento, a população mais infectada pela COVID-19 no estado, foi a
população de cor branca e entre 30 e 39, que é a maior parte da população que habita
o estado. Quanto à evolução dos casos, mais de 95% dos infectados se recuperou da
enfermidade. Entre as capitais regionais, há evidências de a população, os
municípios, a cor da população, a faixa etária, o sexo, a evolução dos casos e os
indicadores de saneamento básico apresentam relação entre os municípios. Na etapa
3 realizou-se uma análise espacial e comparativa da prevalência de casos e
hospitalizações por COVID-19 no Rio Grande do Sul em relação às concentrações do
gás ozônio durante as medidas restritivas no ano de 2020 nos municípios de Porto
Alegre e Caxias do Sul. Foi possível verificar que o aumento e o declínio dos casos e
hospitalizações por COVID-19 se comportaram de maneira semelhante nos
municípios, assim como a variação nas concentrações de ozônio. Todavia, são
necessários estudos mais detalhados a respeito desta temática a fim de corroborar
com este estudo. Embora a COVID-19 não se caracterize mais como uma pandemia,
é necessário seguir pesquisando para entender melhor como se deu a disseminação
e os impactos que dela resultaram e ainda poderão ser vivenciados. Com os
resultados obtidos através dos artigos, espera-se poder contribuir com a literatura já
existentes e com as futuras pesquisas para que a população seja atendida da melhor
forma possível, tanto pelo setor público quanto pelo privado, e sofra o menor impacto
possível com futuras crises sanitárias e impactos por elas geradas.