Myrtales no Campus Capão do Leão da Universidade Federal de Pelotas: guia para o reconhecimento das espécies

Abstract

A ordem Myrtales é constituída de nove famílias, 380 gêneros e cerca de 13 mil espécies. No Brasil, ocorrem as famílias Myrtaceae, Melastomataceae, Onagraceae, Lythraceae, Combretaceae e Vochysiaceae. A maioria das espécies pertence às famílias Melastomataceae e Myrtaceae. A primeira, para o grupo, é a que apresenta o maior número de espécies ocorrendo em todo o território nacional, enquanto a segunda possui o maior número de representantes no Rio Grande do Sul. A grande maioria das espécies em Myrtales são arbustos e árvores e ocorrem nos trópicos e subtrópicos sendo encontradas poucas representantes em regiões temperadas e quase nenhuma em zonas frias (BFG, 2015; Flora e Funga do Brasil, 2021; Stevens, 2001; Sytsma & Renner, 2019). No campus Capão do Leão, Myrtales está representada pelas famílias Lythraceae, Melastomataceae, Myrtaceae e Onagraceae. No total, 21 gêneros e 36 espécies foram confirmados (não incluindo Eucalyptus spp.). Constatou-se a presença de espécimes conhecidos popularmente como eucalipto, de características notavelmente distintas. Optou-se, no entanto, por identificá-los apenas ao nível de gênero (Eucalyptus), uma vez que este é exótico no país e possui um amplo gradiente de híbridos, o que dificulta a identificação ao nível específico. Myrtaceae é a família de maior riqueza no campus, com 17 espécies (mais Eucalyptus spp.). Onagraceae possui sete representantes e, Lythraceae e Melastomataceae, seis, cada uma. Constata-se, portanto, que Myrtales no campus Capão do Leão apresenta grande diversidade específica com representantes que possuem amplo leque de usos e empregabilidade a ser conhecido e explorado. As espécies da ordem encontradas no campus Capão do Leão são árvores, arbustos, subarbustos e ervas, com predomínio das duas primeiras formas de vida. Habitam tanto áreas de remanescentes de vegetação nativa, onde ocorrem principalmente de forma espontânea (sem auxílio humano), quanto ambientes com maior grau de antropização, onde prevalecem espécies plantadas com fins de arborização e ornamentação. Predominam espécies nativas do Brasil (30 spp.) em relação às exóticas (seis spp.), contudo atenta-se para a presença de Psidium guajava L. (goiabeira) e Syzygium cumini (L.) Skeels (jambolão) que também se caracterizam como invasoras (Rio Grande do Sul, 2013) e merecem especial atenção, visto que indivíduos juvenis foram encontrados junto às áreas de vegetação nativa remanescente.