Uso de lectinas nativas e recombinantes de patade-vaca (Bauhinia forficata e Bauhinia variegata) e banana (Musa acuminata) no controle da formação de biofilme em cateter por isolados de Klebsiella pneumoniae produtores de carbapenemases (KPC)
Resumo
Biofilmes são complexas comunidades microbianas que residem em uma matriz de
exopolissacarídeos e se aderem a superfícies bióticas e abióticas. Em ambiente
hospitalar, eles são normalmente a causa de infecções crônicas e infecções
relacionadas a assistência à saúde (IRAS) associadas a dispositivos médicos. O
biofilme permite aos micro-organismos resistirem a condições adversas e estresse
ambiental, incluindo o sistema imunológico do hospedeiro e a ação de
antimicrobianos. Essa característica dificulta a terapêutica e justifica a busca por
moléculas com ação de controle de formação de biofilme. Neste contexto, destacamos
as lectinas, proteínas capazes de se ligar especificamente a carboidratos presentes
na superfície da bactéria e desencadear sua ação. Desse modo, o objetivo deste
trabalho foi verificar o potencial de ação de controle na formação de biofilme por
lectinas nativas e recombinantes, isoladas das plantas Bauhinia forficata, Bauhinia
variegata e Musa acuminata, frente a isolados de Klebsiella pneumoniae produtores
de carbapenemases. Foram realizados diversos ensaios para avaliar a formação de
biofilme pelos isolados, como o ensaio do Vermelho Congo, formação de biofilme in
vitro, e padronização do método para avaliação da formação de biofilme em cateter,
além de ensaios para avaliar a capacidade das lectinas no controle de formação de
biofilme, como concentração mínima inibitória e concentração mínima bactericida. As
lectinas demonstraram atividade bacteriostática e capacidade de reduzir a formação
de biofilme em cateteres de uso hospitalar nos isolados avaliados. Os dados gerados
nesse estudo sugerem que as lectinas têm potencial no desenvolvimento de uma
formulação para controle da formação de biofilme, porém serão necessários mais
estudos para elucidar os mecanismos de ação, terapia combinada com
antimicrobianos e estratégia terapêutica.