Assembleia de helmintos e ocorrência de Haemoproteus columbae Kruse, 1890 (Haemosporida: Haemoproteidae) associados à Columba livia Gmelin, 1789 (Columbiformes: Columbidae) no sul do Rio Grande do Sul, Brasil
Abstract
Columba livia é uma ave nativa do sul da Europa, norte da África, Oriente Médio e
sul da Ásia e foi introduzida em diversas regi ões no mundo, estando distribuída em
todos os continentes, exceto Antártida. Em áreas de introdução é encontrada
especialmente em regiões urbanizadas em altas populações. Estudos
helmintológicos e investigações sobre a infecção por Haemoproteus columbae em
C. livia foram realizados em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. No Rio
Grande do Sul, estudos parasitológicos são escassos. Neste sentido, este estudo
teve como objetivo geral investigar o parasitismo por helmintos e a infecção pelo
protozoário H. columbae em C. livia no sul do Rio Grande do Sul, Brasil. No primeiro
manuscrito foi investigada a assembleia de helmintos de C. livia, além de analisar as
infecções em relação ao gênero sexual e ao comprimento tot al e massa corporal de
aves adultas (n=60) capturadas em Pelotas e Rio Grande. O segundo estudo
analisou as infecções helmínticas intestinais em relação a três estações do ano em
aves (n=90) da cidade de Pelotas. A terceira pesquisa objetivou determinar a
frequência e descrever a detecção molecular de H. columbae em C. livia (n=57)
capturados em Pelotas e Rio Grande. A assembleia de helmintos parasitos de C.
livia foi composta por: Baruscapillaria obsignata (Capillariidae), Ascaridia columbae
(Ascaridiidae), Tetrameres fissipina (Tetrameridae) Dispharynx nasuta (Acuariidae)
(Nematoda), Sobolevicanthus columbae (Hymenolepididae), Killigrewia delafondi
(Anoplocephalidae), Raillietina allomyodes (Davaineidae), Skrjabinia bonini
(Davaineidae) (Cestoda), Brachylaima mazzantii (Brachylaimidae) e Tanaisia inopina
(Eucotylidae) (Digenea). Não foi observada diferença na prevalência e intensidade
média de infecção dos helmintos entre os gêneros sexuais. A abundância total dos
helmintos correlacionou com a massa corporal das fêmeas (p=0,63; p=0,001), e
dentre os machos, houve correlação da abundância de A. columbae (p=0,454;
p=0,004) e K. delafondi (p=-0,398; p=0,013) com a massa corporal, e de T. fissipina
(p=0,337; p=0,039) e S. columbae (p=-0,350; p=0,031) com o comprimento total.
Não foi observada diferença significativa nos índices de infecção entre as estações
do ano (outono, inverno e primavera) dentre os helmintos intestinais, exceto A.
columbae, que foi mais prevalente no outono do que na primavera. A taxa de
infecção foi maior em aves adultas (78,26%) do que aves imaturas (18,18%;
p<0,0001). Tetrameres fissipina, D. nasuta, R. allomyodes, S. bonini, K. delafondi e
T. inopina são documentados pela primeira vez em C. livia na região sul do Brasil e
este é o primeiro registro de S. columbae na América do Sul. Esta é a primeira
detecção molecular de H. columbae em C. livia no sul do Brasil, ocorrendo em
92.98% dos hospedeiros, com taxas semelhantes em relação ao gênero sexual,
idade e local de origem das aves. Os resultados ampliam o conhecimento da
ocorrência de H. columbae e da biodiversidade de helmintos associados a C. livia na
região sul do Brasil, elucidando as relações parasito-hospedeiro e a sazonalidade
das infecções helmínticas. Além disso, auxiliam na compreensão das cadeias
tróficas que C. livia está incluído, devido à ocorrência de helmintos com ciclo de vida
heteroxenos, onde as formas infectantes envolvem interações presa-predador.