Helmintos associados a Aquarana catesbeiana (Shaw, 1802) (Anura: Ranidae) no extremo sul do Brasil: diversidade e relações parasito-hospedeiro
Resumen
Investigações sobre parasitos associados aos animais silvestres no Brasil ainda são
escassos, sobretudo em relação aos helmintos que parasitam anuros. O pouco
conhecimento sobre a diversidade de helmintos associados a Aquarana catesbeiana
no Brasil, somado ao hábito predador da espécie destacam a importância da
investigação helmintológica. O trabalho teve por objetivo investigar a helmintofauna
parasitária de rãs e girinos de A. catesbeiana no extremo sul do Brasil. Entre outubro
de 2019 e dezembro de 2021, 57 rãs adultas e juvenis, e 145 girinos de A. catesbeiana
foram coletados nos municípios de Pelotas (Cascata) e Capão do Leão (Zootecnia),
Rio Grande do Sul. Os helmintos foram coletados e preparados para classificação
conforme técnicas usuais em helmintologia. Os índices de prevalência (P%),
intensidade média de infecção (IMI), abundância média (AM) e Intensidade de
infecção (INi) foram estimados para rãs e girinos. As infecções helmínticas foram
analisadas em relação: ao gênero sexual, tamanho e massa corporal e entre as duas
localidades de coleta. A assembleia de helmintos parasitos de rãs A. catesbeiana foi
composta por: Cosmocercidae gen. spp., Oxyascaris sp., Falcaustra sp., Spiroxys sp.
(larvas), Acuariidae gen. sp. (larvas), Gyrinicola chabaudi, Spirocamallanus sp. (larva)
e Pharyngodonidae gen. spp. (Nematoda); Centrorhynchus sp. (cistacanto) e
cistacanto não identificado (Acanthocephala) e Haematoloechus floedae (Digenea).
Os girinos estiveram parasitados por Gyrinicola chabaudi, Spiroxys sp. (larvas), e
Catadiscus sp. (Digenea). A prevalência de helmintos foi maior nos machos
(independentemente da localidade) e maior na localidade da Cascata
(independentemente do gênero). A abundância dos helmintos apresentou correlação
significativa com os parâmetros corporais dos anuros. A prevalência de
Centrorhynchus sp. variou em relação a maturidade dos anuros sendo maior em
adultos e sem diferenças entre entre machos e fêmea. O estudo fornece uma
checklist, na qual apresenta 97 taxa de hospedeiros vertebrados para 10 taxa de
Centrorhynchus registrados no continente sul-americano. A checklist demonstrou que
as aves foram os principais hospedeiros definitivos, enquanto serpentes Dipsadidae
e, anuros Hylidae e Leptodactylidae constituem os grupos de hospedeiros paratênicos
frequentemente registrados em associação com Centrorhynchus spp. sp. Aquarana
catesbeiana é registrada pela primeira vez como hospedeiro de Oxyascaris sp. e
Catadiscus sp. no continente americano; larvas de Acuariidae gen. spp.,
Spirocamallanus sp. e Spiroxys sp., Gyrinicola chabaudi, Haematoloechus floedae e
Centrorhynchus sp. na América do Sul; e Falcaustra sp. no Brasil. Nesse contexto, o
estudo expande o conhecimento sobre a helmintofauna de rãs e girinos de A.
catesbeiana em áreas introduzidas. Estudos complementares são necessários para
ampliar o conhecimento sobre assembleia de helmintos, bem como sobre a relação
parasito-hospedeiro de A. catesbeiana nos ecossistemas onde é invasora.