Protozoários de importância em saúde pública e sanidade animal de mamíferos silvestres do extremo sul do Brasil
Resumo
A convivência entre animais domésticos e silvestres pode ocasionar riscos de
infecções causadas por protozoários. A identificação de reservatórios
selvagens contribui para o entendimento da dinâmica das populações de
protozoários encontradas em diferentes hospedeiros, assim como a
identificação de agentes parasitários com potencial zoonótico. Portanto, o
objetivo desse estudo foi detectar protozoários com potencial zoonótico
(Babesia,Theileria sp. e Neospora caninum ) em mamíferos do Rio Grande do
Sul. Foram coletados os tecidos do baço de 72 animais (50 Didelphis
albiventris, 10 Cavia aperea, 4 Galictis cuja e 8 Procyon cancrivorus )
atropelados em rodovias do Rio Grande do Sul, oriundos dos munícipios de
São Lourenço do Sul, Pelotas, Capão do Leão e Arroio Grande, nos períodos
entre janeiro de 2015 a abril de 2019, de acordo com licença concedida pelo
ICMBio/SISBIO, alguns espécimes foram doados pelo Núcleo de Reabilitação
da Fauna Silvestre da Universidade Federal de Pelotas (NURFS). Para a
extração de DNA foi utilizado o baço dos mamíferos. O processo de extração
foi realizado utilizando o kit GenElute™ Mammalian Genomic DNA Miniprep
(Sigma-Aldrich), seguindo as instruções do fabricante. O DNA foi quantificado e
teve sua pureza conhecida através de espectrofotometria. Para as Reações da
Polimerase em Cadeia foram utilizados os primers da subunidade 18S do DNA
ribossômico. N. caninum e Babesia microti apresentaram ocorrência em C.
aperea e Babesia spp. em P. cancrivorus. Esses são os primeiros registros no
Brasil, desses protozoários para os hospedeiros através de estudos
moleculares. Babesia sp. e T. equi foram encontradas em D. albiventris,
sendo este o primeiro relato de T. equi nesse hospedeiro no Brasil.