Variações estruturais ligadas à fenologia em plantas de Eryngium: consequências para as comunidades de aranhas
Resumen
Este trabalho apresenta os recursos estruturais representados pelas estruturas
espaciais das plantas de Eryngium pandanifolium e pelos recursos tróficos,
representados pela disponibilidade de alimentos para os níveis tróficos
subsequentes. O objetivo deste trabalho é analisar o efeito da variação
morfológica nas inflorescências de Eryngium pandanifolium sobre as
comunidades de aranhas que utilizam essa planta como recurso. Os
experimentos e amostragens ocorreram durante os meses de novembro de 2019
e fevereiro de 2020, a área de estudo está inserida em uma matriz campestre do
bioma Pampa. A escolha das plantas amostradas se deu de forma sistematizada
ao longo de transecções lineares, totalizando 240 amostragens de indivíduos E.
pandanifolium e outras 30 amostragens de vegetação arbustiva e 30 de
vegetação rasteira. Amostrou-se todas as aranhas que ocupavam a planta e
estas foram classificadas quanto ao estágio de desenvolvimento, sexo e guilda
de forrageamento. Realizou-se ao longo do estudo uma série de amostragens
em condições naturais e em condições experimentais em campo, a combinação
dos dados de diferentes tratamentos experimentais permitiu avaliar a
contribuição de diferentes fatores sobre a abundância de aranhas associadas às
plantas. Os dados obtidos foram organizados em blocos de amostragem, sendo
eles: (1) efeitos de longo prazo da heterogeneidade de habitat sobre as aranhas;
(2) efeitos de curto prazo da heterogeneidade de habitat sobre as aranhas; (3)
efeito de tempo sobre a dinâmica de ocupação das aranhas; (4) efeito do
subsídio trófico promovido pelas inflorescências; (5) sobre a
complementariedade da assembleia de aranhas dos gravatás em relação ao
entorno. Os resultados foram: (1) a abundância das aranhas tecedoras se
mostrou independente, já em relação as aranhas cursoriais, foi possível
visualizar uma diminuição na quantidade de aranhas na base das plantas ao
longo do desenvolvimento da inflorescência; (2) em plantas que as aranhas
associadas foram previamente removidas, as abundâncias das aranhas
tecedoras como a abundância das aranhas cursoriais se mostraram
independentes da variação da heterogeneidade do sistema; (3) a abundância
das aranhas tecedoras independe do momento de colonização das plantas com
heterogeneidades estruturais similares, as aranhas cursoriais revelaram uma
relação negativa ao longo do período amostral; (4) a presença das
inflorescências não teve efeito sobre a abundância de aranhas na base,
independente da guilda de forrageamento, o efeito foi perceptível sobre a
abundância de aranhas cursoriais nas inflorescências; (5) a abundância de
aranhas tecedoras foi similar entre os grupos experimentais, enquanto aranhas
cursoriais foram mais abundantes em E. pandanifolium que no entorno.
Encontrou-se 509 aranhas nos gravatás e 100 aranhas nas demais plantas,
totalizando 15 famílias e 39 morfoespécies. As guildas de forrageamento de
aranhas mostraram ter respostas diferentes frente a heterogeneidade estrutural
do sistema de estudo. Aranhas tecedoras apresentaram relações independentes da heterogeneidade estrutural ou de subsídio tróficos dos gravatás em todos os blocos de amostragem. O incremento da heterogeneidade estrutural teve efeito
sobre as aranhas cursoriais em quase todos os blocos de amostragem, exceto
para o segundo bloco de amostragem.