Vacina candidata contra leptospirose utilizando Salmonella Typhimurium como vetor
Abstract
A leptospirose é uma doença zoonótica causada por bactérias do gênero Leptospira,
que afeta animais domésticos e selvagens em escala global. Atualmente, não há uma
vacina comercial universal disponível para prevenir a doença, o que impulsiona o
desenvolvimento de vacinas recombinantes como uma alternativa promissora para
combater a leptospirose de maneira mais eficaz. Neste contexto, o presente estudo
teve como objetivo desenvolver e avaliar protótipos vacinais contra a leptospirose. Na
primeira etapa, investigou-se a imunogenicidade e o potencial protetor de vacinas
bacterinas de Escherichia coli expressando uma proteína quimérica composta pelos
antígenos de Leptospira, LipL32, LemA e LigAni (rQ1). A eficácia dessas formulações
foi testada em hamsters, divididos em grupos experimentais que receberam diferentes
formulações: bacterina recombinante (com e sem adjuvante de hidróxido de alumínio,
Al (OH)
3
), vacinas de subunidade e controles negativos. A vacinação foi administrada
por via intramuscular nos dias 0 e 14. Os resultados obtidos por ELISA indireto
demonstraram que o grupo que recebeu a vacina de subunidade apresentou níveis
significativamente elevados de imunoglobulinas (P < 0,05), diferenciando-se de todos
os outros grupos. O grupo da vacina de subunidade apresentou 50% de
sobrevivência, enquanto os grupos vacinados com bacterinas recombinantes
mostraram apenas 0-10% de proteção. Nenhum grupo vacinal foi capaz de conferir
imunidade protetora significativa contra o desafio letal com a cepa de L. interrogans.
Apesar da formulação de subunidade ter demonstrado respostas imunológicas
moderadas, sua eficácia ainda é limitada, ressaltando a necessidade de otimizações
adicionais para o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a leptospirose. Na
segunda etapa do estudo, foi utilizado o antígeno quimérico de Leptospira (rQ1),
clonado no vetor pTECH2, para expressão do antígeno em Salmonella Typhimurium
LVR01. Hamsters foram vacinados por via oral (OR) e intramuscular (IM) com 2 × 10
unidades formadoras de colônia (UFC) de S. Typhimurium LVR01 carregando
pTECH2/rQ1, pTECH2 sozinho ou PBS como controle. As vacinações foram
administradas em duas doses, com um intervalo de 14 dias. Após a vacinação,
amostras de soro foram coletadas e os anticorpos IgG e sorotipos contra o rQ1 foram
medidos usando ELISA indireto. Os resultados mostraram que, no dia 28, anticorpos
IgG foram detectados apenas nos hamsters vacinados via IM com a vacina
recombinante atenuada de Salmonella. Após a segunda vacinação, os níveis de
anticorpos nos hamsters vacinados via IM com pTECH2/rQ1 foram significativamente
maiores (P < 0,0001) quando comparados aos grupos controle (PBS e pTECH2). Além
disso, os níveis de IgG2/3 contra o antígeno rQ1 no grupo vacinado
intramuscularmente foram também significativamente elevados (P < 0,0001) em
comparação aos controles. Em contraste, os níveis de anticorpos no grupo vacinado
via OR com pTECH2/rQ1 apresentaram diferença estatisticamente significativa (P <
0,05) em comparação aos controles. Concluindo, a vacina atenuada baseada em S.
Typhimurium não demonstrou eficácia protetora contra desafio homólogo nos
hamsters vacinados com pTECH2/rQ1. Isso sugere que, embora promissora, a
plataforma baseada em Salmonella ainda precisa de mais estudos para aprimorar a
resposta imune e conferir proteção efetiva.