Ensaios em desigualdade socioeconômica em saúde
Resumen
A presente dissertação apresenta dois ensaios referentes à área de economia da
saúde. No primeiro, o objetivo é analisar os métodos utilizados na área econômica
para mensuração da desigualdade socioeconômica em saúde, e ilustrar suas
aplicações. Foi realizada revisão da curva de Lorenz e do índice de Gini em saúde
associado; da curva de concentração em saúde e do índice de concentração
associado e suas extensões (o índice de concentração estendido e o índice de
realização). Para tanto, são utilizados dados do Estudo Longitudinal de Saúde dos
Idosos Brasileiros (ELSI-BRASIL) e são analisados dois desfechos: limitações nas
atividades da vida diária (LAVD) e limitações nas atividades instrumentais da vida
diária (LAIVD). Os exercícios realizados mostram que existem desigualdades
socioeconômicas na saúde dos idosos e a relevância dos métodos da economia na
análise das desigualdades socioeconômicas em saúde. O segundo estudo estimou a
magnitude da desigualdade socioeconômica na saúde autoavaliada para adultos com
50 anos ou mais, utilizando os dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos
Brasileiros (ELSI-BRASIL). A desigualdade foi avaliada por meio do índice de
concentração, com a normalização de Wagstaff. O índice de concentração foi
decomposto para determinar a contribuição de características demográficas,
socioeconômicas e de condição de saúde. Os resultados mostraram um índice de
concentração de -0,2325, o que indica que, em adultos com 50 anos ou mais, a saúde
autoavaliada como precária está concentrada nos pobres no Brasil. A desigualdade
foi principalmente explicada pelo status socioeconômico, seguido por saúde
(limitações nas atividades instrumentais da vida diária) e fatores demográficos (região,
educação). Estes resultados apontam para a necessidade de reestruturação e
fortalecimento de políticas públicas direcionadas à saúde de idosos mais pobres.