Identificação de Staphylococcus aureus, S. intermedius e S. hyicus através de testes bioquímicos e da amplificação por PCR de sequências dos genes coa E nuc
Resumo
Staphylococcus aureus foi considerada, por muitos anos, a única espécie do
gênero Staphylococcus com capacidade de produzir enterotoxinas e coagulase.
Posteriormente, outras espécies produtoras de enterotoxinas e de coagulase, tais
como S. hyicus e S. intermedius, foram identificadas. Estas três espécies
apresentam características morfológicas, bem como reações bioquímicas,
extremamente semelhantes, o que torna difícil sua diferenciação através dos
métodos convencionais de análise microbiológica. O desenvolvimento das tecnicas
de biologia molecular, como a amplificação de DNA in vitro, pela reação em cadeia
da polimerase (PCR–polymerase chain reaction), viabilizaram diversos estudos na
busca de métodos mais eficazes de identificação e caracterização de
microrganismos. Este trabalho teve como objetivo comparar um método bioquímico
com um método molecular, baseado em PCR, para a identificação de S. aureus, S.
intermedius e S. hyicus. Sessenta e cinco cepas de Estafilococos coagulase positiva,
previamente submetidas aos testes da coloração de Gram, produção de catalase, de
termonuclease e de coagulase livre, foram diferenciadas e identificadas em nível de
espécie, através de análise bioquímica, utilizando os testes da produção de
pigmentos, atividade hemolítica em ágar sangue, produção de β-galactosidase,
produção de acetoína, fermentação aeróbica da maltose, fermentação anaeróbica
do manitol, atividade lipolítica em polisorbato, crescimento em ágar Baird-Parker e
ágar P suplementados com acriflavina, bem como através da amplificação por PCR
de seqüências do gene coa, específicas para S. aureus, e do gene nuc, específicas
para S. intermedius e para S. hyicus. A combinação dos testes bioquímicos, assim
como a amplificação de seqüências dos genes coa e nuc, possibilitaram a
identificação e diferenciação entre as três espécies de estafilococos coagulasepositiva. Devido a variabilidade de resultados dos testes bioquímicos, concluiu-se
que estes podem ser utilizados para diferenciação das três espécies, somente
quando aplicados e analisados em conjunto. Os testes da resistência a acriflavina e
da produção de β-galactosidase não apresentaram variabilidade de resultados,
constituindo-se como os melhores testes bioquímicos de diferenciação. A
amplificação por PCR de seqüências dos genes coa e nuc, com os primers COAG2,
COAG3, NUC1, NUC2, NUC3 e NUC4, possibilitou a identificação e diferenciação
entre as espécies S. aureus, S. hyicus e S. intermedius. Não foram verificadas
diferenças no poder discriminatório usando a combinação dos testes bioquímicos ou
a amplificação por PCR de seqüências dos genes coa e nuc.