Sobrevivência da levedura probiótica Komagataella phaffii cepa X-33 livre e microencapsulada aplicada em uma matriz alimentar não láctea
Resumo
As leveduras têm sido consideradas importantes probióticos no microbioma humano e
animal e alguns estudos vêm demonstrando seu potencial probiótico em matrizes
alimentares não lácteas. A procura por produtos de base não láctea passou a vigorar
nos últimos anos para disponibilizar uma opção às pessoas que apresentam
intolerância e/ou alergia aos componentes do leite, bem como aquelas que, por opção,
não ingerem produtos de origem animal. A levedura Komagataella phaffii (K. phaffii,
antes descrita Pichia pastoris) teve seu efeito probiótico evidenciado por alguns
estudiosos, promovendo benefícios ao animal quanto à estimulação do crescimento,
imunidade e suprindo eventuais deficiências nutricionais. Este estudo teve como
objetivo avaliar a sobrevivência de K. phaffii cepa X-33 livre e microencapsulada quanto
a passagem pelo trato gastrointestinal simulado, armazenamento em diferentes
temperaturas e resistência ao tratamento térmico, bem como quando aplicada a uma
matriz alimentar não láctea durante o armazenamento sob refrigeração. Para isto as
leveduras K. phaffii e S. boulardii foram cultivadas no biorreator em meio YPD com
sacarose e após adicionadas aos materiais encapsulantes, inulina e proteína de arroz.
As microcápsulas produzidas por spray drying apresentaram viabilidade para K. phaffii
de 11,1 log UFC.g-1 e 11,0 log UFC.g-1 para S. boulardii, com eficiência de
encapsulamento de 95,7% para ambas as leveduras. As células viáveis das leveduras
livres e microencapsuladas permaneceram estáveis por 60 dias de armazenamento (>
8,0 log UFC.g-1) nas diferentes temperaturas analisadas (-20 °C, 4 °C e 25 °C), porém
as microcápsulas com S. boulardii aos 60 dias não estavam viáveis e as formas livres
de ambas as leveduras apresentaram maiores taxas de sobrevivência. As formas livres
das leveduras K. phaffii e S. boulardii também apresentaram maior sobrevivência às
condições gastrointestinais comparada às microcápsulas e, mesmo depois de
passarem pelas condições gástricas, com concentrações de células viávies superiores
às condições intestinais, as leveduras livres sobreviveram a uma concentração acima
de 10 log UFC.g-1 nas condições intestinais. Na avaliação da resistência térmica, a
microencapsulação protegeu somente S. boulardii, e K. phaffii livre teve sobrevivência
significativamente maior do que as leveduras microencapsuladas, enquanto S. boulardii
livre não resistiu. As leveduras apresentaram potencial para serem aplicadas em
alimento, pois K. phaffii livre permaneceu com taxa de sobreviência adequada até os 28
dias (9,8 log UFC.g−1) em leite de castanha, assim como S. boulardii. Diante disso,
pode-se compreender que K. phaffii livre apresentou taxas de sobrevivência superiores
a S. boulardii e as suas formas encapsuladas e ainda manteve suas concentrções
acima de 6 log UFC.g−1, apresentando potencial para obtenção de um produto
probiótico ou funcional não lácteo, independente da microencapsulação e novos
estudos poderão ser realizados quanto à aplicação de K. phaffii em alimentos e
microencapsulação.