Conservação e uso de recursos genéticos de Butia (Arecaceae): sistematização do conhecimento associado e técnicas de transplante de mudas

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Data
2025-02-14Autor
Lima, Carlos Fellipe Meurer de
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Popularmente conhecidas como butiazeiros, as plantas do gênero Butia possuem relevância cultural, ecológica e econômica. É observado declínio populacional devido à expansão de áreas agrícolas e urbanas. Como agravante, a regeneração natural é dificultada pela baixa taxa de germinação, pela predação de sementes e mudas e pelo manejo inadequado em áreas remanescentes. Consequentemente, as espécies de Butia estão em constante ameaça de extinção. A conservação de espécies nativas é essencial para a proteção da biodiversidade e, assim, torna-se fundamental caracterizar os recursos genéticos para expandir o conhecimento e estimular o uso sustentável, ao mesmo tempo em que se desenvolvem estratégias de multiplicação de novos indivíduos. O objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento do conhecimento associado ao uso, ecologia e manejo de Butia yatay nos municípios de Giruá e Quaraí, no Rio Grande do Sul; e de analisar a sobrevivência e crescimento de mudas de Butia odorata resgatadas em quintais e transplantadas para vasos em casa de vegetação. O levantamento etnobotânico foi realizado através de entrevistas com 17 moradores dos municípios de Giruá e Quaraí, com suporte de questionário semi-estruturado. A análise do resgate e transplante de mudas foi realizada em esquema fatorial, observando diferentes épocas de transplante, condições de luminosidade e estatura inicial dos indivíduos. Os recursos genéticos de B. yatay são aproveitados em uma variedade de usos, principalmente na alimentação, produção de bebidas e confecção de artesanatos, entretanto em uma escala ainda aquém do potencial. Há uma grande diferença na quantidade de usos que os butiazeiros são empregados em cada município: foram citadas 80 formas de uso em Giruá, e apenas 16 em Quaraí. O conhecimento etnobotânico sobre ecologia e manejo de B. yatay evidencia a admiração e relação de respeito que as pessoas têm pelos butiazeiros. Além disso, estas plantas estão associadas a laços afetivos, com vínculos criados desde a infância, e construção da identidade regional. Quanto ao resgate e transplante de mudas de B. odorata, a técnica é viável e apresenta elevada taxa de sobrevivência. O período ideal para transplante é o inverno. As plantas apresentam plasticidade quanto à condição de luminosidade, entretanto, quando o resgate e transplante são realizados no inverno, o sombreamento evita danos por estiolamento e resulta em maior taxa de sobrevivência das mudas. Existe uma correlação positiva entre a radiação solar e temperatura média mensal com o incremento mensal em estatura e diâmetro de colo das mudas transplantadas.