Discutir gêneros e sexualidades em escolas bilíngues de surdos? Um olhar sobre projetos de Educação para as Sexualidades nos espaços escolares

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Data
2024-09-11Autor
Luar Fagundes Nunes da Silva
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A presente pesquisa buscou investigar – conhecer, descrever e analisar – dois projetos que se configuram como práticas de Educação para as Sexualidades nos espaços escolares em duas escolas bilíngues de surdos do Rio Grande do Sul. Para facilitar e compartilhar essa rede colaborativa de produção de saberes científicos, inspirada na Conversa como Metodologia de Pesquisa, os dados foram produzidos por meio da conversa como procedimento metodológico. Nesse processo, as narrativas das pessoas participantes foram respeitadas em suas singularidades, sempre levando em conta as questões éticas e de horizontalidade. Por meio de conversas – estas registradas, transcritas, lidas, analisadas e categorizadas, foi possível conhecer ambos os projetos. Um deles, impulsionado por um professor de matemática que considera trabalhar as questões de gênero e sexualidade nas escolas uma ação essencial, seja por meio de projetos, seminários, mas, principalmente, no cotidiano da escola. O outro, impulsionado por três alunos surdos e orientado por professoras e coordenadora pedagógica da escola, teve como foco principal abordar as questões e direitos LGBTQIA+. Ao conversar com o professor de matemática e a coordenadora pedagógica, pessoas fortemente ligadas aos projetos, percebemos temáticas-chave que, nessa pesquisa, foram nomeadas enquanto categorias de análise e de reflexão. Foram elas: disparadores dos projetos; Libras e famílias e protagonismo surdo. A partir das análises das conversas, foi possível conhecer como os profissionais compreendem as práticas de Educação para as Sexualidades e como ela faz parte não somente dos momentos dos projetos mencionados, mas, também, do cotidiano das escolas. Em suma, houve a compreensão de como as discussões da Educação para as Sexualidades incidem na educação bilíngue de surdos e, não menos importante, como elas reverberam nos cotidianos escolares. Em tempo, observamos o quanto ainda existem tensionamentos na comunidade surda em relação às famílias ouvintes não saberem Libras para a comunicação com seus filhos e filhas. Também, foi possível observar o quanto a interculturalidade pode ser útil nas lutas surdas, em virtude da interseccionalidade mostrar-se presente na escola, nos cotidianos dela e, nesse caso em específico, nas propostas de projetos escolares. Concluímos pontuando que as práticas de Educação para as Sexualidades incidem nas escolas de diversas formas. Como observamos com esse estudo, elas acontecem através de projetos, ações, seminários e até mesmo em seu cotidiano, quando é considerada a demanda dos/as estudantes.