Arqueologia do conflito no Pontal da Barra, sul do Brasil
Abstract
O Pontal da Barra é uma área de ecótono composta por banhados, campos alagados, dunas e mata atlântica, localizado à margem da laguna dos Patos e canal São Gonçalo, no município de Pelotas no sul do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. É um lugar de intensos conflitos que envolvem processos de degradação ambiental e patrimonial, principalmente em decorrência do avanço da especulação imobiliária na região. Esses conflitos envolvem uma série de atores sociais como empreendedores imobiliários, pescadores tradicionais, moradores, administradores públicos, cientistas (ambientalistas, ecólogos, arqueólogos, antropólogos e biólogos), advogados, agentes públicos de gestão e juristas que, através de ações individuais ou institucionais, atuam neste cenário sob diferentes perspectivas. Sob a ótica da Arqueologia Pública, o presente estudo compreende o lugar Pontal da Barra como uma paisagem cultural, onde permeiam questões do campo da Arqueologia e da Antropologia referentes a relação com os atores de conflitos entre humanos e nãohumanos, analisados a partir dos discursos dos diferentes agentes sociais e do histórico dos conflitos sobre os bens patrimoniais. O presente estudo aborda esses discursos através de uma construção multivocal do conhecimento, diluindo a posição de autoridade de pesquisadora em vias de simetrização narrativa. Ao observar as relações entre os diferentes atores e a paisagem, o conhecimento construído em torno do Patrimônio permite ampliar noções ligadas à sua existência, às discussões sobre sua permanência, proteção, valorização, divulgação e atributos legais em torno de sua preservação.