Estratégias de sobrevivência de agrupamentos familiares durante a pandemia de Covid-19 no Estado do Rio Grande do Sul: um estudo a partir de populações vulneráveis
Resumen
O objetivo central desta tese é conhecer as “estratégias de sobrevivência” utilizadas por agrupamentos familiares em situação de vulnerabilidade no estado do Rio Grande do Sul, durante a pandemia de Covid-19. Para a finalidade desta pesquisa, chamamos
de agrupamentos familiares o “homem simples’, o “povo” e a “massa”. A pandemia de Covid-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde em março de 2020, causou impactos nas mais diversas áreas, apresentando-se com diferentes faces para a
sociedade: enquanto parte da população buscava adaptar-se à realidade do homeoffice e das modalidades online de ensino, outros grupos enfrentavam dilemas em relação às dimensões essenciais da vida humana, como a decisão entre comprar
comida ou álcool em gel e máscaras, buscar emprego na rua, ou proteger-se contra o vírus em casa. Considerando a natureza desta, ela apresenta um caráter metodológico dual: métodos sociológicos e epidemiológicos de pesquisa foram utilizados. O componente epidemiológico desta pesquisa, uma das suas dimensões de caráter epistemológico mais analítico, envolve o estudo Epicovid-19, um inquérito epidemiológico sobre a evolução da pandemia no Brasil. No âmbito sociológico, a lente norteadora foi a interpretação do sujeito e das suas relações de existência. Para isso, utilizamos aspectos centrais do materialismo histórico como teoria na compreensão da realidade social e como guia metódico. Visando conhecer as
realidades dos grupos a serem pesquisados, e que fazem parte da problemática de pesquisa, considerando uma abordagem exclusivamente qualitativa, foi utilizada a técnica de coleta de dados, calcada em entrevistas semiestruturadas presenciais, e
também aspectos metodológicos da Análise de Conteúdo. Constatou-se que a pandemia castigou de forma desproporcional os grupos populacionais vulneráveis, deixando evidente a necessidade de medidas políticas e sociais mais abrangentes e
direcionadas para esses grupos, que foram comprovadamente os mais afetados, seja em percentual de contaminação, ou nas batalhas diárias de suas vidas cotidianas.