Fases do ciclo menstrual e sinais de fadiga em atletas de futsal
Abstract
INTRODUÇÃO: As mulheres têm sido historicamente deixadas de lado em
diferentes setores da nossa sociedade, incluindo no âmbito da pesquisa e dos
esportes. No futsal esse aspecto fica ainda mais gritante, uma vez que a
modalidade, no contexto histórico, foi considerada como um espaço para
homens. Essa realidade vem se modificando aos poucos com o passar dos anos
e cada vez mais apresenta melhorias para suas praticantes e para os
profissionais que envolvem o futsal feminino, mesmo que ainda com dificuldades
estruturais e financeiras. Sendo assim, essa pesquisa se dispõe a estudar os
fatores referentes à fadiga e fases do ciclo menstrual em atletas de futsal
feminino. Buscando aliar a valorização da mulher na sociedade, o debate sobre
o ciclo menstrual e também observar ferramentas de baixo custo que auxiliem a
melhora do desempenho esportivo. MATERIAIS E MÉTODOS: O estudo foi
realizado em uma equipe de futsal feminino na cidade de Pelotas/RS e contou
com 15 atletas, com idade entre 18 e 38 anos. Para coletar os dados foram
utilizados os seguintes instrumentos: questionário para a caracterização da
amostra, questionário de rastreamento de sintomas pré-menstruais, escala de
sentimentos subjetivos de fadiga (ESSF), análise de variabilidade de frequência
cardíaca (VFC), dinamometria, escala de percepção subjetiva de esforço (PSE)
e o teste Running Anaerobic Sprint Test (RAST). RESULTADOS: 80% das
atletas apresentaram a Síndrome Pré-Menstrual, com variação de sintomas
físicos e emocionais. 93,33% considera que seu rendimento esportivo é
prejudicado pelo ciclo menstrual. Os resultados que envolviam variáveis físicas
não apresentaram diferenças, enquanto as variáveis relacionadas à percepção
de fadiga e esforço apresentaram resultados piores na fase pré-menstrual (PSE:
p = 0,007 e ESSF: p = 0,01). A medida da Variabilidade da Frequência Cardíaca
mostrou que na fase pré-menstrual as atletas têm menor variabilidade em
relação às outras fases (p = 0,01). CONCLUSÃO: As fases do ciclo menstrual,
apesar de não apresentarem diferenças no teste de dinamometria e RAST das
atletas, podem estar relacionados com alterações nos sinais de fadiga.
Sugerimos que a análise da VFC possa ser uma ferramenta objetiva para auxiliar
no acompanhamento de carga e fadiga ao longo do ciclo menstrual, uma vez
que consegue avaliar como o sistema nervoso autônomo está atuando no
organismo.