Padrões de atividade física e associação da atividade física e do índice de massa corporal com sintomas depressivos nas mães da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015: do pré-natal aos quatro anos pós-parto
Abstract
A presente tese teve como objetivo verificar a prevalência e o padrão de prática de
atividade física (AF) materna antes, durante e até 48 meses após a gestação e
verificar as relações da AF e do índice de massa corporal (IMC) com os sintomas
depressivos. A Tese é composta por dois artigos, elaborados a partir dos dados das
mães da Coorte de Nascimentos de 2015 de Pelotas (RS). O artigo 1 utilizou dados
autorrelatados de AF no lazer da pré-gestação, gestação, 3, 12, 24 e 48 meses pós parto. A prevalência de mães ativas foi calculada de acordo com as recomendações
(≥150 min/semana) e foram descritas as mudanças na AF entre os
acompanhamentos. Foi estimada a probabilidade de as mães serem ativas de
acordo com a AF prévia, através de Regressão de Poisson com variância robusta.
Análise de trajetória baseada em grupo foi utilizada para identificar padrões de AF
ao longo dos acompanhamentos. A prevalência de mães ativas diminuiu na gravidez
e no pós-parto em relação ao período pré-gestacional e que a prática prévia de AF
foi um determinante da manutenção da AF. A análise de trajetória identificou quatro
padrões de AF e ~80% das mães foram alocadas no grupo predominantemente
inativo. O artigo 2 avaliou o papel moderador da AF moderada e vigorosa (AFMV) na
associação do IMC com os sintomas depressivos maternos. Os sintomas
depressivos foram avaliados no pré-natal, 3, 24 e 48 meses pós-parto, através da
Escala de Depressão de Edimburgo. AFMV foi medida por acelerometria no pré natal e aos 24 meses. O IMC foi calculado a partir das medidas de peso e altura no
pós-parto e do peso pré-gestacional autorrelatado. Análise de moderação foi
realizada através da ferramenta macro PROCESS para SPSS, sendo testadas as
seguintes relações: associação do IMC com os sintomas depressivos; associação da
AFMV com os sintomas depressivos; e a interação entre o IMC e AFMV. A
moderação da AFMV foi avaliada de maneira transversal e longitudinal. O desfecho
foi avaliado sempre temporalmente após o IMC. Foi observada uma interação
significativa entre AFMV no pré-natal (bouts de 5 e 10 minutos) e IMC pré gestacional, indicando que AFMV apresentou-se como moderadora da relação entre
sintomas depressivos no pré-natal e IMC. Quando os níveis de AFMV eram baixos
ou intermediários (percentis 16 e 50) a relação entre IMC e sintomas depressivos
não foi significativa. Para níveis mais altos de AFMV (percentil 84) a relação passou
a ser significativa e inversa, em que mães com maior IMC e alta AFMV apresentam
menores escores de sintomas depressivos. Três meses após o parto uma relação
semelhante foi observada, com interação significativa entre AFMV no pré-natal (bout
de 10 minutos) e IMC pré-gestacional. Aos 24 e 48 meses nenhuma associação foi
encontrada Concluindo, a AFMV na gestação auxilia na redução dos sintomas
depressivos no pré-natal e três meses pós-parto entre mães com maior IMC.