Efetividade de um programa autogerenciável de exercícios, disponibilizado por meio de um aplicativo, para trabalhadores da segurança pública com dor lombar crônica: ensaio clínico controlado aleatorizado
Abstract
Trabalhadores da segurança pública (TSP), como policiais e bombeiros, apresentam altos índices de dor lombar crônica (DLC). Intervenções autogerenciadas com exercícios, via aplicativo (app) de smartphone, têm demonstrado ser uma alternativa para o manejo da DLC, porém a eficácia dessas intervenções não foi examinada em TSP. Essa tese teve por objetivo revisar sistematicamente os achados de ensaios controlados aleatorizados (ECA) sobre intervenções conservadoras para o gerenciamento da DLC em TSP e militares. Ademais, objetivou-se descrever a prevalência da DLC em policiais rodoviários federais (PRFs) do RS. Por fim, pretendeu-se desenvolver e testar a efetividade de um programa autogerenciável de exercícios, fornecido através de um app, sobre desfechos autorreportados e neuromusculares, em comparação a um grupo controle de educação em saúde, em TSP com DLC. Foi conduzido um estudo de revisão sistemática em sete bases de dados, assim como um estudo transversal de prevalência da DLC em PRFs do RS, e um ECA, paralelo, de dois braços e de superioridade. Policiais e bombeiros do RS elegíveis foram aleatoriamente alocados para um dos dois grupos, que receberam uma das versões do app: 1ª) programa autogerenciável com 16 sessões de exercícios físicos para o fortalecimento do core (duas sessões/semana, em dias não consecutivos), mais educação em saúde (INT); ou 2ª) programa de educação em saúde ao longo de um período de oito semanas (CON). Os desfechos primários incluíram a intensidade da dor (escala numérica de dor) e a incapacidade (questionário Roland-Morris de incapacidade) avaliados após as oito semanas da intervenção. Os desfechos secundários foram dor e incapacidade no acompanhamento de 16 semanas e qualidade de vida, autoeficácia, sintomas de depressão, ansiedade e estresse, e qualidade do sono após as 8 e 16 semanas, bem como o pico de torque, resistência muscular e atividade muscular dos extensores e flexores do tronco após 8 semanas. Todos os desfechos foram analisados segundo os princípios da intenção de tratar, através dos modelos lineares mistos. O estudo de revisão encontrou apenas cinco ECA, sendo que nenhum com policiais e bombeiros. O estudo de prevalência identificou uma prevalência de DLC de 67% em PRFs do RS. No ECA, 47 TSP foram alocados para os grupos INT (n=23) e CON (n=24). O grupo INT apresentou resultados superiores em comparação ao grupo CON em relação à intensidade da dor e à incapacidade após oito semanas. Ainda, o grupo INT apresentou melhora da qualidade de vida, autoeficácia e ansiedade quando comparado ao grupo CON após oito semanas. Os efeitos do tratamento relacionados à incapacidade, qualidade de vida e ansiedade persistiram no acompanhamento de 16 semanas. Conclui-se que existe uma lacuna científica sobre ECA avaliando a eficácia de tratamentos conservadores para DLC em TSP, assim como uma alta prevalência de DLC em PRFs do RS e um programa autogerenciável de exercícios físicos, de curto prazo, disponibilizado por meio de um app, é eficaz para reduzir a intensidade da dor e a incapacidade, bem como melhora a qualidade de vida e ansiedade de TSP do RS com DLC.