Efeitos do Sport Education Model nas aulas de Educação Física sobre desfechos físicos, emocionais, cognitivos e sócio afetivos de escolares do ensino médio de Pelotas-RS
Resumo
O objetivo do estudo foi verificar os efeitos do Sport Education Model (SEM) nas
aulas de educação física sobre desfechos físicos, emocionais, cognitivos e sócio
afetivos em escolares do ensino médio. Análises por sexo e contexto de ensino
também foram realizadas. Foi implementado um estudo experimental com pré e
pós-teste e randomização por cluster em grupo experimental (GE) e comparador
(GC). Participaram do estudo 85 alunos das redes federal (GE= 20; GC= 17) e
particular (GE= 28; GC= 20) do município de Pelotas-RS. Os estudantes do GE
participaram de uma temporada do SEM desenvolvida com modalidades
esportivas de invasão. Durante a temporada foram desenvolvidos conteúdos de
desempenho e espírito esportivo. No GC as aulas de educação física não
sofreram modificações. Para analisar a tomada de decisão, suporte ao portador
da bola, habildade motora, performance e envolvimento no jogo foi utilizado o
Game Performance Assessment Instrument. O Perceived Locus of Causality foi
o questionário utilizado para verificar a motivação dos estudantes para as aulas
de educação física. As necessidades psicológicas básicas foram analisados a
partir do Questionário de Necessidades Psicológicas Básicas. Para analisar o
espírito esportivo foi utilizada a Escala de Orientação Multidimensional de Fair
Play. Foi aplicado um questionário com intuito de carcaterizar a amostra e
identificar a experiência esportiva dos participantes. Para verificar os efeitos da
intervenção nos fatores tempo, grupo e a interação tempo*grupo, foi utilizada as
Equações de Estimativa Generalizada. Nas variáveis que apresentaram
interações significativas foi realizado o post-hoc de Bonferroni. O tamanho de
efeito foi calculado a partir do d de Cohen. Todas as análises foram realizadas
por intenção de tratar. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Os
resultados da presente tese foram organizados em três artigos. No artigo I,
destacam-se os efeitos positivos do SEM sobre a variável suporte,
independentemente do sexo e contexto de ensino. Na rede particular, os efeitos
do SEM sobre o suporte foram superiores aos do GC, com grande tamanho de
efeito. Ademais, o SEM promoveu efeitos positivos sobre a performance no jogo
apenas nas meninas, com médio tamanho de efeito. Os resultados do artigo II
indicam que ambos os grupos promoveram efeito negativo sobre a motivação
intrínseca dos estudantes. Especialmente na rede federal, o SEM promoveu
efeito positivo e com elevado tamanho de efeito sobre as três necessidades
psicológicas básicas. Nos resultados gerais do artigo III observou-se que o SEM
não promoveu melhorias no espírito esportivo dos estudantes. Na análise por
sexo e rede de ensino os resultados do SEM foram inconsistentes. Enquanto o
modelo promoveu efeito desfavorável sobre o enfoque negativo nas estudantes
do sexo feminino, nos meninos o efeito sobre a preocupação com o adversário
foi positivo. Já a análise por rede de ensino revelou que os estudantes da escola
federal melhoraram no compromisso esportivo e pioraram no enfoque negativo.
Conclui-se que o SEM promoveu melhorias no domínio cognitivo, físico e
emocional dos estudantes, configurando-se como uma proposta metodológica
viável para o contexto escolar federal e particular brasileiro.