Indicadores de qualidade do solo em unidades de referência produtiva de noz-pecã sob diferentes sistemas de manejo
Resumo
O aumento da produção de noz-pecã (Carya illinoinensis) no Brasil e a valorização do seu cultivo mais sustentável reforçam a necessidade de buscar mais informações sobre os efeitos dos diferentes sistemas de manejo na qualidade do solo. Dessa forma, o objetivo geral do presente trabalho foi avaliar a relação de causa-efeito entre atributos de qualidade de diferentes tipos de solo, sob diferentes manejos e a saúde do solo em pomares de nogueira-pecã no Sul do Brasil. O estudo foi realizado em 15 pomares de nogueira-pecã localizados em 11 municípios do RS. Foram coletadas quatro amostras de solo em cada pomar, na camada de 0-10 cm de profundidade na projeção da copa das plantas. Foram determinados o carbono orgânico total (COT), carbono da biomassa microbiana (CBM), respiração basal (RB), 𝛽-glicosidase (BETA), arilsulfatase (ARIL), granulometria, pH, H+Al, soma de bases, V%, CTC, e conteúdos de P, K Ca, Mg, S, Zn, Cu, B, Mn do solo. Foi aplicada uma análise de componentes principais (PCA) a fim de definir qual(ais) variável(eis) foram mais importantes para a variabilidade dos dados analisados. A análise de redundância (RDA), foi aplicada buscando relacionar a influência da variável ou variáveis explicativas para os indicadores biológicos no solo. Também foram analisados os quocientes microbiano (qMic), metabólico (qCO2), e de mineralização (qM). Além disso, foi avaliada a saúde do solo utilizando a combinação da abordagem da Avaliação Abrangente da Saúde do solo (CASH) e o modelo de quatro quadrantes (4QM). As análises multivariadas mostraram que há uma variabilidade do manejo dentro de cada pomar, o que prejudicou a verificação da primeira hipótese. O manejo de correção do pH mostrou-se importante, especialmente com variáveis associadas à fertilidade, como Ca, CTC e saturação de bases. Os indicadores biológicos COT e RB tiveram maior destaque diante das demais variáveis químicas e físicas. COT e BETA se correlacionam positivamente com a maioria dos macro e micronutrientes e CTC, mostrando sua influência nos processos de ciclagem de nutrientes e fertilidade. Além disso, COT, RB e CBM demonstram ser influenciados pelo tipo de solo e pelas práticas de manejo. Pomares em solos mais arenosos e com manejo não conservacionista, apresentam menor COT, RB e CBM, refletindo em perda de fertilidade e menor dinamismo do solo. Assim como, os maiores valores de quocientes foram em pomares com manejos de plantas de cobertura, sistema agroflorestal e pastejo de animais, sendo esse aporte de resíduos orgânicos que influenciou a maior eficiência dos microrganismos na transformação da matéria orgânica em nutrientes disponíveis no solo. A integração das metodologias CASH e 4QM foi eficiente para avaliar a saúde do solo nos pomares. Sistemas orgânicos, agroflorestais e com plantas de cobertura mostraram maior saúde do solo, confirmando a segunda hipótese do estudo. Além disso, a análise apontou solos em processo de degradação que requerem revisão de manejo.