Entrevista familiar: modos de agir dos profissionais da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos
Fecha
2018-12-19Autor
Silva, Glaucia Jaine Santos da
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O presente estudo teve por objetivo compreender os modos de agir dos profissionais da comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos a partir da interação com a família durante entrevista para a doação de órgãos. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa a partir de uma perspectiva crítica, desenvolvido em quatro comissões intra-hospitalares de doação de órgãos e tecidos de hospitais localizados na Região Sul do Rio Grande do Sul, Brasil. Os participantes foram escolhidos mediante dois tipos de amostragem: a intencional, utilizada para a seleção dos participantes que integravam as centrais intra-hospitalares de doação de órgãos e tecidos no período de coleta, e após, pelo método “Snowball” para os profissionais que fizeram parte da comissão e foram indicados pelos atuais participantes, totalizando 21 profissionais. Os dados foram obtidos por meio de um conjunto de técnicas, entrevista semiestruturada e a observação não participante, com coleta de dados realizada entre abril e agosto de 2018. As entrevistas foram gravadas e transcritas, sendo complementadas com notas de campo, e foram organizadas e gerenciadas com o uso do programa Ethnograph V6. O estudo foi aprovado por um Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) de uma Universidade Pública do Sul do Brasil, mediante emissão de Parecer sob nº 1.955.142. Os dados foram submetidos à análise hermenêutica-dialética. Como resultados emergiram duas unidades de análise: modos de agir dos profissionais de saúde diante da abordagem a família para doação e dificuldades no agir diante da abordagem a família para doação. Quanto aos modos de agir dos profissionais de saúde, destaca-se o uso de dois tipos: o agir comunicativo, que os profissionais buscaram ao se comunicar, no entendimento uns com outros, de modo que, ao entrarem em contato com a família, alguns participantes estabeleceram um contato empático, de apoio, de forma que o seu objetivo foi levar conhecimento sobre um assunto ainda pouco discutido na sociedade; quanto ao outro agir, o estratégico, este foi utilizado para a resolução dos problemas, no qual a linguagem esteve carregada de intenções de modo que, ao interagirem com a família, buscaram influenciá-la para agir de acordo com seu interesse, o consentimento para doação. Quanto às dificuldades no agir diante da abordagem a família para doação, destaca-se à interação com a família após a comunicação do diagnóstico da morte. O ato de informar e esclarecê-lo à família geraum incômodo ou confronto para os profissionais, resultante das concepções enquanto indivíduo, que são oriundas do mundo subjetivo, objetivo e social. Ainda, revelou-se como um dificultador na interação com a família, as contradições vivenciadas pelos profissionais quando contrários a doação de órgãos. Foi identificada uma dicotomização entre o sujeito enquanto pessoa versus o profissional, de forma que necessita externamente desempenhar uma função pela qual internamente se é desfavorável, o que gera culpa e responsabilização quanto ao consentimento para doação.