Modos de subjetivação dos profissionais de saúde para o cuidado frente à morte e morrer na atenção domiciliar
Abstract
O objetivo deste trabalho foi conhecer e analisar os modos de subjetivação dos profissionais de saúde para o cuidado frente ao processo de morrer e morte na atenção domiciliar. Este estudo está inserido na vertente pós-estruturalista, tendo como referencial algumas noções teóricas de Michel Foucault. Os participantes foram 12 profissionais de saúde que fazem parte da equipe do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar da cidade de Pelotas vinculado ao Hospital Escola/EBSERH. Como técnicas de coletas de dados foram utilizadas observação participante e entrevistas semiestruturadas. Para análise dos dados foram utilizadas as ferramentas foucaultianas: Subjetivação, Discurso e Saber-Poder. Os profissionais de saúde utilizam diferentes modos de adentrar aos domicílios dos pacientes, a partir de estratégias de acesso ao domicílio, bem como de acesso aos corpos dos doentes. Além disso, a atenção domiciliar se configura como uma modalidade de atenção aos (im)produtivos, porém destaca-se as (im)possibilidades para esse modelo assistencial, como o despreparo dos cuidadores e familiares para receber o doente neste espaço e possibilidade de oferta de recursos e preferência pelo domicílio ao invés do hospital. Ademais, diversas são as práticas de cuidado neste espaço, bem como estratégias utilizadas pelos profissionais de saúde para a manutenção do paciente no domicílio. A partir dos discursos proferidos nesta modalidade de atenção, os profissionais se constituem e passam a conduzir suas condutas, além de estabelecerem relações de saber-poder com os pacientes e familiares. Entrelaçado a isso, os profissionais experienciam a morte do outro no domicílio, fazendo com que sejam tocados por esta experiência e se subjetivem, podendo realizar modificações nos seus modos de vida, bem como nas conduções de conduta nos cuidados de fim de vida, almejando a “boa morte”. Diante disso, os profissionais são constituídos por discursos que atravessam essa modalidade de atenção, como o de humanização, promoção da qualidade de vida e promoção da “boa morte”, bem como, pelo campo de saber dos cuidados paliativos e a partir disso, passam a conduzir suas condutas.