Atenção à saúde das pessoas após o transplante renal: modelo de atenção crônica
Resumen
O objetivo geral foi conhecer a organização da atenção à saúde para as pessoas com insuficiência renal crônica após o transplante renal. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, desenvolvida em três municípios da Metade Sul do Rio Grande do Sul (Pelotas, Rio Grande e São Lourenço do Sul). Os participantes foram as pessoas vinculadas aos serviços de nefrologia elegidos nestas cidades, que realizaram o transplante renal, além dos profissionais de saúde e dos gestores que atuavam nas Secretarias Municipal e Estadual de Saúde. Para a coleta de dados, utilizou-se roteiros com perguntas adaptadas a partir da escala Assessment for Chronic Illness Care e Patient Assessment of Chronic Illness Care. As entrevistas foram gravadas em áudio, e ao serem transcritas, foram gerenciados e organizados os dados, utilizando-se o Software Etnography para a análise de conteúdo dirigida. A presente pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, sob o número do parecer 1.548.228. Nos resultados, são apresentadas a caracterização das pessoas, dos profissionais e dos gestores. Após, os dados foram explanados em cinco categorias: Organização dos serviços de saúde para a assistência às pessoas após o transplante renal; Cuidados em saúde oferecidos pelos profissionais e/ou pelos serviços de saúde às pessoas após o transplante renal; A rede de apoio das pessoas após o transplante renal; Autocuidado após o transplante renal na adesão ao tratamento; Sistema de informações clínicas das pessoas após o transplante renal nos serviços de saúde. Compreendeu-se como os serviços de nefrologia e os centros transplantadores estão organizados para a assistência às pessoas após o transplante renal, como o fornecimento da medicação imunossupressora, a realização de consultas clínicas de revisão e com outras especialidades na área da saúde, a oferta de grupos de apoio e de educação permanente, entre outros. Ao se tratar de cuidado, as orientações verbais e/ou escritas, as consultas clínicas, a dosagem das medicações imunossupressoras e o monitoramento dos resultados dos exames laboratoriais foram os mais oferecidos pelos profissionais e/ou pelos serviços de saúde. Quanto à composição da rede de apoio das pessoas após o transplante renal, identificou-se que a família nuclear ou extensa foi a mais citada. Sobre a orientação ao autocuidado para a adesão ao tratamento do transplante renal, ressaltaram-se os cuidados a serem seguidos. Com relação à organização, à forma de registro e ao processo de armazenamento das informações clínicas, nos serviços de nefrologia e nos centros transplantadores, destacou-se os tipos existentes de prontuários, a responsabilidade do serviço de referência e o não compartilhamento de dados. Os achados levaram a refletir sobre o papel dos profissionais e dos gestores para a consolidação do Modelo de Atenção Crônica. Observou-se também, que as ações assistenciais e de gestão em saúde possibilitam promover na pessoa com o transplante renal a continuidade do cuidado, garantindo a qualidade do tratamento e a sobrevida do órgão transplantado.