Representações sociais acerca do planejamento familiar para adolescentes que vivenciaram a gravidez recorrente
Abstract
O estudo objetivou conhecer as representações sociais acerca do planejamento familiar de adolescentes que vivenciaram a gestação recorrente. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, fundamentada na Teoria das Representações Sociais proposta por Serge Moscovici. Fizeram parte desta pesquisa nove adolescentes, com idades entre 10 aos 19 anos de idade, que vivenciaram a gestação recorrente. Os dados foram coletados no período de março a maio de 2017, por meio de entrevista semiestruturada, nos dois bairros com maior incidência de gestação na adolescência do município de Pelotas/RS. Por meio da Análise Textual Discursiva e do referencial teórico da Teoria das Representações Sociais, foram construídas três categorias: (Des)conhecimento da sexualidade e dos métodos contraceptivos antes da primeira relação sexual: a construção dos conhecimentos na ótica de adolescentes; Gravidez não planejada na adolescência X uso de métodos contraceptivos; e Representações Sociais do desejo de engravidar na adolescência: planejando a maternidade. Observou-se diferentes representações sociais acerca do planejamento da gestação das adolescentes, tanto para as que planejaram a gravidez quanto para as que não planejaram, sendo estas representações atreladas a aspectos como educação, cultura, hábitos e valores das participantes. No que se refere a gestação não planejada existe diferentes dimensões de representações sociais, ancoradas na falta de conhecimento acerca da sexualidade e da proteção contra a gravidez e na aceitabilidade como alternativa para encarar a vivência da maternidade. Este estudo possibilitou referir que o aprendizado e a consciência das dificuldades enfrentadas fazem parte do cotidiano das adolescentes depois de tornarem-se mães, mesmo que estes fatores não sejam motivo de temor para vivenciar outra gestação. Conhecer a representação social do planejamento familiar de adolescentes que vivenciaram gravidez recorrente ajuda a avaliar este evento e reforça a importância do diálogo e acolhimento das adolescentes para construção do conhecimento sobre o planejamento familiar, não como meio de evitar filhos, mas como forma de planejamento seguro, consciente e responsável da família.