“ Se a carapuça serviu...” Estudo de caso sobre a cultura das indiretas e a violência simbólica no Facebook

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Data
2015-11-30Autor
Schinestsck, Letícia Ribeiro
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O presente estudo busca discutir como a violência simbólica pode ser caracterizada e perpetuada através das “indiretas” no Facebook, isto é, a partir de construções implícitas, sutis e muitas vezes travestidas de humor e que ameaçam diretamente a representação online de cada sujeito. Traremos para a pesquisa conceitos como o de dominação simbólica e de habitus, sob a perspectiva de Bourdieu (1930), de estabelecidos e outsiders de Norbert Elias (2000) e da fronteira desenhada pelos próprios indivíduos designando superioridade e normas a partir de seus papeis sociais (GOFFMAN, 2013). A ideia é mostrar que a violência não se manifesta somente em atos físicos e explícitos, mas também pode ser encontrada nos discursos e escamoteada nas relações sociais, não sendo diferente no ambiente online. A partir das características da conversação mediada por computador (CMC) e dos públicos em rede (BOYD, 2007; 2010) trataremos questões sobre os rituais, a representação online do self (BOYD e ELLISON, 2007) e particularidades da sociedade em rede (RECUERO, 2012) na qual estamos inseridos, levantando questionamentos que dizem respeito especialmente a construção da face (GOFFMAN, 2012) de cada sujeito. Ancorados em tais conceitos, escolhemos três páginas cujo uso das “indiretas” é frequente e selecionamos duas postagens de cada, totalizando seis publicações. Recorremos à metodologia da Análise do Discurso Mediada por Computador (CMDA) desenvolvida por Herring (2004; 2012; 2013) na tentativa de encontrar padrões capazes de indicar a manutenção da violência simbólica através da apropriação dos recursos oferecidos pela CMC, especialmente nas trocas instauradas no Facebook, de forma a considerar as peculiaridades deste contexto multimodal e os efeitos de sentido produzidos, disseminados e dissimulados pela “indireta”.