A percepção do ambiente condominial pelo usuário: Residencial Porto, um estudo de caso
Abstract
A dissertação aborda o Programa de Arrendamento Residencial – PAR como um programa de provimento de habitação de interesse social que se distingue de outras propostas por introduzir como elemento inovador o arrendamento residencial. Teve por problema principal indagar “Qual é o efeito do fato de ser arrendamento e não propriedade sobre a vida condominial do conjunto habitacional”? Trata-se de um estudo de caso ocorrido no Residencial Porto, conjunto habitacional de pequeno porte, inserido na malha urbana do município de Pelotas, RS. Têm como peculiaridade o fato de ter sido projetado por um arquiteto, por sua configuração e constituição de ser de um condomínio habitacional, e tratar-se de uma versão do programa denominada de Par-Especial que tinha como beneficiárias famílias com renda mensal entre dois e quatro salários mínimos. Seus objetivos específicos foram: saber se a administradora condominial está cumprindo com suas funções quanto à manutenção, segurança e limpeza do condomínio e analisar como são utilizados os espaços de uso comum pelos arrendatários. A ruptura com o pensamento comum é importante em todos os campos das ciências, e no que se refere às ciências sociais aplicadas e, em especial na disciplina da arquitetura e urbanismo ela é condição prévia já que é essa área do conhecimento que tem orientação para entender a relação do homem com o ambiente construído. Dentre os métodos de pesquisa utilizados para aferição da qualidade de um ambiente construído, destacou-se a “a avaliação pós-ocupação – APO”. Trata-se de um conjunto de procedimentos metodológicos que visa aferir, especialmente, o atendimento às necessidades objetivas e subjetivas do usuário no decorrer do uso do ambiente construído. O ambiente condominial pode ser visto como uma microssociedade já que é também, um pouco do reflexo da sociedade maior onde está inserido. Por isso, a percepção dos moradores em relação ao local onde habitam traz consigo um muito do entendimento, da compreensão de sua condição na sociedade e no que diz respeito as suas expectativas de vida. Os resultados da pesquisa indicaram que a questão de ser arrendamento ou propriedade não é a demanda principal para os condôminos, sujeitos desta pesquisa, uma vez que o que mais interessa é a segurança da posse. É o fato de estarem dentro do imóvel com a ideia de que é “difícil tirá-los dali”. Tal situação de regularidade nos permitiu a inferência de que as pessoas de menor renda cuidam e se esforçam para não perder suas aquisições. A moradia é um bem fundamental para a constituição da vida social e, por isso, a segurança da posse através da contratualização tem grande valor para quem vislumbra ser proprietário. Ter alguma coisa para chamar de sua, de ser garantia sua, e não para o mercado financeiro. Nesse sentido, o PAR despontou como um Programa Habitacional modelo alternativo às operações financeirizadas e globalizadas que vimos como as hipotecas e os contratos do Sistema Financeiro da Habitação – SFH.