Status social subjetivo na adolescência e crime violento na transição para a idade adulta: um estudo de coorte de nascimentos brasileiro
Abstract
A violência interpessoal é a principal causa de morte entre os jovens no Brasil, onde a pobreza e a desigualdade são consideradas os principais fatores que impulsionam a violência. Pesquisas recentes têm considerado o possível papel da posição socioeconômica percebida, para além das condições objetivas, na contribuição para comportamentos violentos. Este estudo investigou a associação entre o status social subjetivo (SSS) e o comportamento violento entre adolescentes no sul do Brasil, utilizando dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004, um estudo de base populacional. Foram avaliados dados de 1.752 adolescentes. O SSS foi avaliado aos 15 anos utilizando a escala de MacArthur, e o envolvimento com crime violento foi medido aos 18 anos por meio de um questionário confidencial autorrelatado. Aos 18 anos, 11,6% dos jovens relataram ter cometido um ou mais crimes violentos no ano anterior. Embora o SSS estivesse fortemente associado a indicadores objetivos de status socioeconômico familiar e a fatores psicossociais na infância, não foi encontrada evidência de associação entre SSS e crime violento (OR = 0,95; IC 95%: 0,36 a 2,56 ao comparar SSS baixo com SSS alto). Não houve interação significativa entre SSS e status socioeconômico objetivo na predição de crime violento. O SSS não foi um determinante de violência, da metade até o final da adolescência, nesta população no sul do Brasil. Ainda não está claro se o SSS em idades mais avançadas pode influenciar violência, ou se os efeitos são mais relevantes para o comportamento atual – como observado em outros estudos transversais –, o que indica a necessidade de investigações adicionais para compreender as relações ao longo de diferentes idades, bem como em contextos variados.