Diferença mínima clinicamente relevante dos efeitos do exercício físico sobre a capacidade funcional em sujeitos com doença renal crônica
Abstract
A presente tese de doutorado teve como objetivo revisar a literatura sobre
os efeitos oriundos da prática de exercício físico sobre os parâmetros capacidade
funcional em doentes renais crônicos em qualquer estágio da doença e calcular
diferença clínica minimamente relevante para verificar qual a distância mínima a
ser percorrida para que ocorram essas mudanças. As buscas nas bases foram
realizadas entre dezembro de 2022 e abril de 2024, nas bases de dados
Pubmed, Scopus, Cochrane e Clinical Trials. Os critérios para inclusão dos
estudos foram os seguintes: População: Indivíduos maiores de 18 anos, sem
restrição em relação ao limite superior de idade, doença renal crônica em
qualquer estágio. Intervenção: Foram incluídos estudos que contenham
intervenções exclusivas com exercício físico, de modo que não haja nenhuma
conduta dietética ou outras metodologias. Comparadores: Para fim de
comparação, só foram aceitos estudos que possuam grupo controle. Desfecho:
Foram incluídos todos os estudos que avaliassem o efeito do exercício físico em
relação teste de caminhada de 6 minutos; Tipo de estudo: Ensaios clínicos
randomizados. A presente metanálise incluiu 18 estudos que atenderam aos
critérios de elegibilidade. Os tamanhos amostrais variaram de 8 a 75 sujeitos. Os
pacientes que receberam as intervenções (exercícios físicos aeróbio, de força,
combinação de ambos e realidade virtual) totalizaram 1.151 sujeitos. Verificamos
que a mudança média dos escores pós-intervenções entre os grupos foi de 37,43
metros com um intervalo de confiança de 95% (IC95%) variando de 19,36 a
55,49, indicando um efeito significativo dos estudos combinados (z = 4,061, p =
<0,001). Adicionalmente, os resultados indicaram que, em média, os grupos
exercitados mostraram aumentos estatisticamente significativos em comparação
aos grupos controles das intervenções. A heterogeneidade entre os estudos foi
significativa (Q = 48,34, p = <0,001), com um I² de 64,8%, sugerindo alta
variabilidade entre os estudos. A distância de 57,5 metros foi considerada
clinicamente relevante, podendo ser utilizada como ponto de corte para estudos
futuros que avaliem o efeito do exercício físico na capacidade funcional de
doentes renais crônicos através do teste de caminhada de 6 minutos.
Concluímos que as modalidades de exercício físico aeróbio, resistido,
combinado e de realidade virtual foram eficientes em aumentar a capacidade
funcional dos sujeitos com qualquer estágio de DRC. Também foi evidenciado
que quanto maior a intensidade e tempo de intervenção, maiores os níveis de
capacidade funcional, sendo a distância de 57,5 metros considerada como a
distância clínica minimamente relevante.