Desigualdades na pesquisa em atividade física: Observatório Global de Atividade Física - GoPA!
Abstract
A pesquisa em atividade física é quantitativamente desigual entre os países do mundo. Os Estados Unidos detêm 25% da pesquisa em atividade física e saúde enquanto todo o continente africano possui por volta de 1000 artigos (2.2%) em 70 anos de pesquisa. A presente tese teve como objetivo analisar desigualdades nacionais na pesquisa em atividade física e saúde. Foi realizada uma coleta de dados bibliométricos de artigos publicados sobre atividade física e saúde em periódicos científicos indexados nas bases de dados PubMed, SCOPUS e ISI Web of Knowledge no período de 1950 e 2019. Foram coletadas informações sobre nome dos autores dos artigos, suas afiliações completas (departamento, universidade e país de referência), gênero dos autores. Foram produzidos três artigos científicos: a) dados globais sobre iniquidades de gênero entre autores da área de atividade física e saúde; b) dados globais sobre a concentração da pesquisa entre instituições e autores dentro dos países; c) dados sobre as redes de colaboração da pesquisa em atividade física e saúde no Brasil, onde a pesquisa foi desenvolvida. Os resultados da tese evidenciaram desigualdades na pesquisa sobre atividade física e saúde. A análise de gênero dos autores das publicações na área revelou uma disparidade na distribuição de posições de autoria, com uma predominância masculina nas últimas posições. A análise da concentração da pesquisa, utilizando o índice de Gini, demonstrou que alguns países com maior produção científica apresentam uma forte concentração de publicações entre poucos autores e instituições, enquanto países com menor produção tendem a ter uma distribuição mais descentralizada, embora sem referências locais significativas. O terceiro produto da tese revelou a evolução das redes de colaboração no Brasil, com as métricas de centralidade e densidade indicando relações colaborativas bem estabelecidas, caracterizadas por um grupo de pesquisadores que trabalham de forma coesa. Esses resultados indicam que, apesar dos avanços na pesquisa em atividade física e saúde, persistem desigualdades significativas em termos de gênero e concentração da produção científica, especialmente em contextos de maior ou menor investimento em pesquisa. No entanto, observa-se um movimento positivo no fortalecimento das redes de colaboração no Brasil, sugerindo um potencial para maior integração e coesão entre pesquisadores, o que pode contribuir para a superação dessas desigualdades e para a diversificação da produção científica na área.