Desempenho fisiológico e produtivo de cultivares de trigo em resposta ao elevado CO2
Resumo
O trigo (Triticum aestivum L.) é um dos cereais mais antigos do mundo, tendo sua origem datada há mais de 10.000 anos, na antiga Mesopotâmia. Esse cereal é amplamente distribuído e consumido no mundo, principalmente, devido à grande diversidade de produtos derivados, como massas, pães e biscoitos, os quais desempenham importante função energética e nutricional na alimentação humana. Entretanto, estudos relacionados às mudanças climáticas, principalmente a elevada concentração de CO2 (e[CO2]), vêm relatando alterações na qualidade nutricional e industrial dos grãos, sobretudo em espécies C3, tais como o trigo. Concomitantemente com a e[CO2], temos o acelerado crescimento populacional, que, até 2050, estima-se chegar a mais de 9,3 bilhões de habitantes, necessitando incrementar a produção de grãos em mais de 70%. Nesse sentido, é importante compreender o comportamento das plantas frente a esse cenário de mudanças climáticas. Com isso, o objetivo desse estudo foi caracterizar o efeito da elevada concentração de CO2 atmosférico sobre os parâmetros fisiológicos, bioquímicos e a produtividade das cultivares de trigo FPS Certero, FPS amplitude e ORS vintecinco. As cultivares de trigo foram cultivadas em Câmaras de Topo Aberto (OTC’s) sob duas concentrações de CO2, 400 ppm (ambiente) e 700 ppm (elevado). As avaliações de clorofila foram feitas durante os estádios reprodutivos (74, 81, 88, 95 DAS) da cultura e as trocas gasosas foram avaliadas aos 88 DAS (Antese). Quanto às trocas gasosas, pôde-se observar comportamento similar entre as cultivares, as quais apresentaram incrementos na assimilação líquida de carbono, concentração interna de CO2 e na eficiência no uso da água, além de redução na condutância estomática e na transpiração sob e[CO2]. O aprimoramento na fotossíntese líquida em e[CO2] foi acompanhado de aumentos no teor de açúcares solúveis totais, amido e sacarose nas folhas das cultivares de trigo. Os índices de clorofila a e b apresentaram reduções sob e[CO2] aos 88 e 95 DAS. A e[CO2] proporcionou ganhos no número de espigas por plantas, grãos por espiga e produção por planta, todavia apresentando menor Peso de Mil Grãos (PMG), possivelmente pelo menor tamanho dos grãos em relação ao controle (400). Nos grãos de trigo, pôde-se observar que a e[CO2] incrementou o teor de amido total, todavia, constatou-se uma redução na porcentagem de proteína bruta dos grãos, evidenciando uma maior relação C/N nos grãos de trigo sob e[CO2].