Resposta do arroz irrigado à deficiência hídrica em diferentes fases de desenvolvimento da planta

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Data
2018-09-13Autor
Silva, Jaqueline Trombetta da
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Considerando as limitações atuais e cenários futuros de deficiência hídrica, a redução no uso da água é uma das prioridades do setor orizícola do Rio Grande do Sul, Brasil. Consequentemente, técnicas alternativas de manejo de água para a cultura, como a irrigação por inundação intermitente, têm sido propostas. Neste sistema de irrigação, a lavoura de arroz não é mantida continuamente inundada, de forma que o solo é submetido à alternância entre ciclos de umedecimento e secagem, até certo nível de déficit hídrico. Este trabalho teve por objetivo avaliar a adaptação do arroz à intermitência da irrigação nas fases vegetativa e reprodutiva e seu reflexo sobre o estado nutricional e absorção de nutrientes pela cultura. Para atingir este objetivo o trabalho foi dividido em dois capítulos. O objetivo do capítulo I foi determinar o efeito de níveis de deficiência no solo em diferentes períodos de desenvolvimento da cultura sobre o desempenho agronômico e produtivo e a qualidade de grãos do arroz de três cultivares de arroz irrigado recomendadas para o estado do RS; e o capítulo II teve por objetivo caracterizar o acúmulo de matéria seca e dos macronutrientes nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) do arroz cultivado sob irrigação por inundação contínua e sob condição de deficiência hídrica no solo nas fases vegetativa e reprodutiva. O experimento foi realizado na Estação Experimental Terras Baixas (ETB) da Embrapa Clima Temperado, situada no município do Capão do Leão, RS, nas safras agrícolas 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017, utilizando-se, respectivamente, as cultivares de arroz irrigado BRS Sinuelo CL, Puitá INTA-CL e BRS Pampa. No estudo I, foram avaliados quatro manejos da irrigação para o arroz: irrigação por inundação contínua com manutenção de lâmina de água média de 7,5 cm; irrigação com fornecimento intermitente de água, mantendo-se o solo saturado (0 kPa ou levemente superior); e dois níveis de déficit hídrico no solo, até 10 e até 40 kPa nos períodos vegetativo (V5 – R0), reprodutivo I (R1 – R4 + 10 dias) e reprodutivo II (R4 + 10 dias – R7). No estudo II, compararam-se os tratamentos com irrigação por inundação contínua ao longo do ciclo e com déficit hídrico de até 40 KPa aplicado nos períodos vegetativo (V5 – R0), reprodutivo I (R1 – R4 + 10 dais) e II (R4 + 10 dias – R7). No Capítulo I concluiu-se que as cultivares de arroz BRS Sinuelo CL, Puitá INTA-CL e BRS Pampa são afetadas negativamente pela deficiência hídrica no solo de até 40 kPa imposta na fase vegetativa e no período inicial da fase reprodutiva, no entanto, a resposta é semelhante quando o estresse hídrico ocorre no período final da fase reprodutiva, sem influência negativa nos componentes de rendimento e consequentemente no rendimento de grãos. A deficiência hídrica no solo de até 40 kPa não influenciou a qualidade de grãos das três cultivares estudadas. No Capítulo II concluiu-se que a resposta das cultivares são distintas a deficiência hídrica no solo de até 40 kPa quando comparadas aos tratamento de irrigação contínua – Lâmina. O acúmulo de matéria seca foi influenciado negativamente pela deficiência hídrica na cultivar BRS Pampa, já na cultivar Puitá INTA-CL, ocorre quando a deficiência hídrica é imposta, no período reprodutivo, que compreende a fase de floração. Na cultivar BRS Sinuelo e Pampa, quando o déficit hídrico ocorreu no final do período reprodutivo, maturação, houve aumento da produção de biomassa. As cultivares Puitá INTA-CL e BRS Pampa acumularam menores quantidades de nitrogênio quando o déficit hídrico ocorreu no período vegetativo. O fósforo e o potássio tem a absorção comprometida quando o estresse hídrico ocorre no período vegetativo, respectivamente nas cultivares Puitá INTA-CL e BRS Pampa e BRS Pampa, nos demais períodos de desenvolvimento não se observou efeito do déficit hídrico. De maneira geral, o ponto de máxima taxa de acúmulo de N e P foram diferentes para as cultivares e variaram em função do período em que ocorre a deficiência hídrica.