Tecendo narrativas sobre o cotidiano de mulheres operárias na Fábrica Rheingantz: materialidades, memórias e processo de musealização colaborativa
Resumen
Esta tese propõe uma pesquisa arqueológica sobre o cotidiano do trabalho feminino na Fábrica Rheingantz – indústria têxtil fundada em 1873 na cidade do Rio Grande (RS) –, a partir das memórias de mulheres que nela trabalharam entre os anos de 1945 e 1997, e de seus familiares. Trata-se de uma pesquisa colaborativa que busca valorizar os saberes e experiências de ex-operárias por meio de ações de extroversão do patrimônio industrial, como rodas de memórias, documentário e exposição, compreendendo suas relações com os espaços de produção, maquinário e artigos têxteis. A partir de uma perspectiva feminista, investigam-se as formas pelas quais as materialidades fabris contribuíram para a manutenção da ideologia dominante e para a legitimação das opressões sofridas pelas operárias, evidenciando como se materializavam as intersecções entre gênero, classe, raça e etnia no chão da fábrica, bem como as táticas de subversão protagonizadas por essas mulheres. Por fim, por meio da proposta de uma exposição, reivindica-se a criação de um futuro Museu da Fábrica Rheingantz construído com a participação ativa das antigas trabalhadoras, onde suas narrativas de opressão e resistência que foram apagadas, suas marcas ocultadas e gritos silenciados, tenham visibilidade e ecoem no espaço museal, de modo que as mulheres sejam protagonistas e se sintam representadas.