Desenvolvimento de aerogéis de amido de trigo germinado e não germinado incorporados com extrato de casca de uva obtida do resíduo da fermentação vinária
Resumo
Este estudo teve como objetivo produzir aerogéis bioativos absorvedores de água a partir de matérias-primas biodegradáveis, amido e poli (óxido de etileno) (PEO) e derivado de resíduo agroindustrial proveniente da fermentação vinária (casca de uva). O trabalho está dividido em dois estudos. O estudo 1 teve como título ―Aerogéis fisicamente reticulados à base de amido de trigo germinado e não germinado e PEO para aplicação como absorvedores de água para embalagem de alimentos‖. Neste estudo foram produzidos aerogéis utilizando amido de trigo germinado (ATG) e não germinado (ATNG) com e sem PEO. Os aerogéis foram produzidos pela gelatinização do amido (10%, p/v, em água destilada), seguido por ciclos de congelamento/descongelamento. Para o aerogel produzido com amido e PEO, uma solução de 6% de PEO (0,6 g de PEO/ 10 mL de água destilada) foi adicionada à dispersão. Foram avaliadas as propriedades térmicas, perfil de absorção no FT-IR, cristalinidade relativa, morfologia, propriedades de absorção de água e perfil de textura dos aerogéis. Todos aerogéis apresentaram alta temperatura de degradação, capacidade de absorção de água e integridade física após imersão em água. No entanto, aqueles produzidos com ATG mostraram-se visualmente mais íntegros estruturalmente em comparação com os aerogéis produzidos com ATNG. A germinação do trigo não teve nenhum impacto nos parâmetros de textura dos aerogéis. Contudo, a adição de PEO aumentou a capacidade de absorção de água e reduziu a dureza e coesão dos aerogéis resultantes. Devido ao alto potencial de absorção de água, o aerogel produzido neste estudo pode servir como uma matriz absorvente em embalagens de alimentos. No estudo 2, intitulado ―Extração de compostos bioativos de resíduos de uva e sua utilização em aerogéis bioativos absorventes‖ foram produzidos aerogéis utilizando ATG, com e sem PEO, e incorporados com extrato obtido da casca de uva (ECU) nas concentrações de 5 e 10% (p/p). O ECU foi avaliado quanto ao teor de compostos fenólicos totais e antocianinas. Os aerogéis foram caracterizados quanto à morfologia, densidade, porosidade, capacidade de absorção de água, perfil de absorção no FT-IR, cristalinidade relativa, compostos fenólicos totais, atividade antioxidante e perfil de liberação in vitro de compostos fenólicos em meio simulante para alimentos. O total de compostos fenólicos no ECU foi de 226,25 ± 0,01 mgácido gálico/gECU. Todos os aerogéis apresentaram baixa densidade, alta porosidade e alta capacidade de absorção de água (581,4 a 997,5%). A atividade antioxidante dos aerogéis aumentou com o aumento da concentração de ECU e com a adição de PEO na formulação. Os aerogéis foram capazes de liberar ECU gradativamente por até 120 dias no meio simulante hidrofílico e 240 h para o meio hidrofóbico. No entanto, a liberação completa de ECU ocorreu apenas no meio hidrofílico. Aerogéis à base de amido mostraram potencial para serem utilizados no desenvolvimento de embalagens ativas para alimentos, podendo atuar como antioxidante natural através da liberação dos compostos do ECU para o alimento ou na absorção de exsudados liberados pelos alimentos.

