Paratuberculose em bovinos de corte na região Sul do Rio Grande do Sul: ocorrência e diagnóstico diferencial
Abstract
Esta tese relata um surto de paratuberculose diagnosticado em bovinos de corte em uma propriedade na região Sul do Rio Grande do Sul. Foram descritos os aspectos epidemiológicos e clínico-patológicos da doença. Os animais eram criados extensivamente e apresentaram quadro de emagrecimento progressivo e diarreia crônica. O diagnóstico foi realizado pelas lesões macroscópicas e pela histopatologia. Fragmentos dos órgãos foram fixados em formalina 10%, incluídos em parafina, cortados com 5 μm de espessura e corados pela técnica de hematoxilina e eosina (HE) e Ziehl-Neelsen (ZN). Fezes foram encaminhadas ao Departamento de Medicina Veterinária, Área de Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Federal Rural de Pernambuco para o cultivo de Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis em meio Löwenstein Jensen com micobactina e para realização da PCR. Histologicamente havia enterite granulomatosa principalmente no dudeno, jejuno, íleo, ceco, colon e reto. Havia, ainda, linfangite e linfaadenite granulomatosa. Pela coloração de ZN foram observados numerosos bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) no interior de macrófagos, células gigantes de Langhans e nos linfonodos mesentéricos no duodeno, jejuno, íleo ceco e reto. Não houve crescimento bacteriano nas amostras de fezes e cinco amostras amplificaram a sequência genética IS900 específica do Mycobacterium avium subesp. paratuberculosis. Concluiu-se que a paratuberculose ocorre, também, em bovinos de corte criados extensivamente no sul do Rio Grande do Sul e pode ter uma prevalência maior do que se supõe na região, sendo necessárias medidas efetivas de controle desta doença que, por vezes, ainda é considerada exótica no Brasil. Por ser uma doença ainda pouco diagnosticada e pouco conhecida na região e que apresenta sinais clínicos inespecíficos, um segundo trabalho foi realizado visando determinar as principais doenças que ocorrem na região Sul do Rio Grande do Sul, que cursam com diarreia e afetam bovinos de corte maiores de dois anos de idade. Para isso realizou-se um levantamento nos arquivos do Laboratório Regional de Diagnóstico identificando-se os protocolos de necropsia nos quais era mencionada a diarreia como um sinal clínico relevante. Observou-se que as causas de diarreia em bovinos com dois anos ou mais de idade são poucas e bem conhecidas na região, sendo de fácil diagnóstico. Destaca-se a intoxicação por Senecio spp., em bovinos maiores de três anos, que causa prejuízos econômicos relevantes devido a sua ampla distribuição na região do estudo e ao seu difícil controle. Com relação aos bovinos entre dois e três anos as parasitoses de modo geral foram as mais importantes causas de diarreia representando 70% dos casos.
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