"Vivemos um ser desconjuntado": a produção da diferença nos discursos dos surdos acadêmicos
Resumo
Esta dissertação apresenta uma pesquisa que analisa como discursos de surdos acadêmicos vêm produzindo outros modos de ser no movimento surdo. Este trabalho toma como centralidade o conceito de multiplicidade a partir de uma aproximação das Filosofias da Diferença principalmente do filósofo Gilles Deleuze. Nessa aproximação, procurou-se transitar por outros caminhos, nem melhores, nem piores, mas que possibilitassem dizer outras coisas e pensar de outros modos. Nesse sentido, objetivou-se problematizar o movimento surdo, fazendo aparecer suas singularidades. Tomou-se como materialidade a coletânea “Um olhar sobre nós surdos: leituras contemporâneas”, publicada no ano de 2012 e apresentada pelas organizadoras como sendo uma produção acadêmica escrita por surdos. Também foi feita a aproximação a três documentos produzidos pela comunidade surda brasileira, quais sejam “Reivindicações da Comunidade Surda Brasileira”, “A Educação que nós surdos queremos” e a “Carta Aberta ao Ministro da Educação: elaborada pelos sete primeiros Doutores Surdos que atuam nas áreas de Educação e Linguística”. Estes documentos foram produzidos nos anos de 2011, 1999 e 2012, respectivamente. A proposta desta dissertação foi pensar o pensamento sobre as coisas, para que esses discursos não fossem tomados como verdades únicas. Então realizou-se uma análise de discursos produzidos pelos surdos acadêmicos, tensionando os efeitos que a apropriação do espaço acadêmico pelos surdos tem nos discursos que sustentam as lutas do movimento. Verificou-se que os escapes produzidos nos escritos surdos não fazem referência diretamente a sujeitos específicos, mas possibilitam outros caminhos, outras escolhas. Os escritos dos surdos acadêmicos são constituídos de escapes, identidades, fugas, estruturas.
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