Aquisição da escrita: as vogais médias altas e sua relação com fenômenos de produção oral
Abstract
O processo de ensino/aprendizagem da ortografia é complexo e envolve, além de aspectos
relacionados à fonética e à fonologia, também aqueles relacionados ao sistema ortográfico. Reconhecer as diferenças existentes entre os tipos de erros encontrados nos textos de alunos iniciantes é condição necessária para que o professor possa, de fato, auxiliar o aluno a superar os erros de grafia. A oralidade exerce forte influência na produção escrita de crianças, assim, a criança
possivelmente toma como referência – para determinar que letra deve usar – aqueles sons que ela é capaz de identificar em seu padrão de pronúncia, procedendo, então, muitas vezes, a uma correspondência: som falado/letra que escreve. Este trabalho versa sobre a análise da aquisição da escrita das vogais médias altas, “e” e “o”, em posição átona. Busca-se, assim, estabelecer relação entre os erros de grafia e contextos, nos quais, na oralidade, são identificados processos como alçamento, harmonia e redução da postônica final. Na primeira etapa (análise escrita), serão
analisadas produções escritas e orais de crianças do 2o, 3o, 4o e 6o anos de uma escola pública da cidade de Pelotas de um banco de dados pré-existente, intitulado PICMEL pertencente ao Laboratório Emergência da Linguagem Oral – UFPel. Já a segunda etapa (analise frequência) conta com um instrumento desenvolvido pela pesquisadora em colaboração com suas orientadoras e dados coletados pela pesquisadora, com alunos de 2º, 3º, 4º e 5º anos, também em uma escola pública de
Pelotas. São os seguintes os objetivos específicos: a) descrever e analisar a relação entre as produções escritas e orais, no que concerne à ocorrência dos processos de alçamento, harmonia e redução; b) analisar a evolução da grafia das vogais médias altas no transcorrer das séries e c) demonstrar como, durante a aprendizagem, ocorrem fenômenos de supergeneralização e d) verificar o papel da frequência de tokens nos erros de escrita produzidos pelas crianças. De acordo com Miranda (2009, 2013, 2014), Adamoli (2013) e Amaral (2013), dentre outros, a aquisição da escrita ocorre em um processo de duas vias, ou seja, não só aspectos fonético-fonológicos podem interferir na aquisição da escrita como também a aquisição da escrita pode desencadear a reconstrução do sistema fonológico. Sendo assim, foi possível perceber que as crianças transferem para a escrita dos segmentos vocálicos algumas de suas características da fala. Entretanto, com o andamento do processo de educação formal, a criança percebe as diferenças existentes entre fala e escrita,
diminuindo, assim, a recorrência dos fenômenos vocálicos de motivados pela oralidade, embora, em palavras pouco frequentes do seu cotidiano, a permanência dos erros de grafia ainda permaneça.
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