Efeito de fatores combinados na tensão e perda óssea peri-implantar: análise de elementos finitos e estudo observacional longitudinal.
Abstract
Os implantes dentários têm sido bastante utilizados na reabilitação protética de espaços edêntulos devido aos excelentes resultados estéticos, biológicos e funcionais associados a alta taxa de sucesso obtida com este tratamento. Porém, a manutenção da estabilidade inicialmente adquirida pela osseointegração depende de fatores que atuam sinergicamente e incluem as características oclusais, peri-implantares e do conjunto implante-prótese. O presente estudo foi dividido em dois capítulos. No
capítulo 1, a análise de elementos finitos (AEF) investigou a influência do material antagonista (dente; placa oclusal) e do comprimento e profundidade de inserção do implante (9mm instalado a nível ósseo; 11mm instalado 2mm infra-ósseo) na distribuição de tensões peri-implantares a partir da aplicação de forças oclusais normais ou parafuncionais. O capítulo 2 reporta um estudo observacional longitudinal que avaliou a influência de fatores oclusais, peri-implantares e do conjunto implante-prótese na perda óssea marginal (POM) em torno dos implantes. Para a AEF foram confeccionados 8 modelos considerando as 3 variáveis descritas. Cada modelo foi composto de uma secção de osso mandibular incluindo o segundo pré-molar, primeiro e segundo molar. No primeiro molar foram simuladas a instalação do implante a nível ósseo ou a 2mm infra-ósseo. O arco antagonista foi simulado baseando-se em 3 dentes superiores naturais, com e sem a interposição de placa oclusal. Foram aplicadas cargas oclusais normais (200N) e parafuncionais (1000N), de forma que 10% da carga total fosse acrescida a cada segundo, até completar um total de 10 segundos. Foram analisadas as tensões de von Mises sobre os implantes e componentes, e as tensões máximas principais sobre o tecido ósseo peri-implantar. As tensões foram concentradas principalmente na interface implante-prótese e implanteosso, com valores mais altos observados quando forças parafuncionais atuavam sem a interposição da placa oclusal. A placa oclusal redirecionou as forças oclusais e diminuiu os níveis de tensão em todas as estruturas avaliadas, exceto no osso trabecular. A inserção infra-óssea do implante de 9mm reduziu o nível de tensão na interface implante-prótese e na superfície da crista óssea cortical, porém aumentou na interface implante-osso. No estudo observacional longitudinal foram avaliados 33 indivíduos, com 109 implantes cone morse instalados. Foram realizadas radiografias no momento da instalação do implante e após 12 meses de carregamento protético. Fatores oclusais, peri-implantares e do conjunto implante-prótese foram avaliados clinicamente no início do carregamento protético e após 12 meses. As variáveis foram analisadas pelo modelo analítico “Three Age” e Chi-quadrado (α=0.05). Uma análise multinível de efeito misto, com dois níveis, foi utilizada para estimar os valores preditivos de cada modelo analítico. Foram observados maiores níveis de POM para próteses cimentadas, diâmetro do implante de 3,5mm, altura da papila até 2mm, mucosa queratinizada inferior a 3mm, comprimento dos implantes superiores a 8,5mm, padrões oclusais inadequados, presença de sangramento à sondagem e bolsas profundas. Embora os dados relacionados aos implantes tenham sido mais frequentemente associados à POM no primeiro nível, os fatores peri-implantes e oclusais também exerceram influência.
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