Indução da lactação em vacas: perfil endócrino e de marcadores inflamatórios
Abstract
As primeiras tentativas de indução artificial da lactação (IAL) em vacas foram realizadas nas décadas de 40 e 60 e buscavam mimetizar o perfil endócrino do período final da gestação, possibilitando a lactação na ausência de uma gestação. A técnica tem inúmeras vantagens, como ser financeiramente mais viável que aquisição de novilhas, evitar descarte de vacas de alto mérito genético, prolongar a vida produtiva das vacas e possibilitar que fêmeas repetidoras de serviço voltem a gestar. Mesmo com tantas vantagens, os protocolos de indução tiveram pouca evolução, sendo a técnica subutilizada. Algumas limitações da técnica incluem lesões e fraturas de alguns animais submetidos aos protocolos, não responsividade de alguns animais, produção leiteira 20 a 30% menor que uma lactação natural, elevado número de manejos e aplicações hormonais que repercutem em longo período de estro. Com base no acima exposto, o presente estudo teve por objetivo determinar o perfil endócrino e alterações em marcadores inflamatórios e de estresse causadas pela técnica de IAL. Ainda, investigou-se uma alternativa para diminuir o número de aplicações de progesterona injetável. Em um primeiro estudo, cinco vacas foram submetidas a um protocolo convencional de indução da lactação (grupo IND) e seis serviram de controle (CON), recebendo apenas um dispositivo vaginal (DIV) contendo 1g de progesterona (P4). Foram coletadas amostras de sangue e registrados termogramas dos locais da aplicação dos hormônios e do casco posterior esquerdo de cada animal ao longo de 14 dias. As fêmeas submetidas ao protocolo de indução apresentaram desenvolvimento da glândula mamária e manifestação de estro por cerca de 12 dias, a partir do dia 9. Verificou-se que não houve diferença estatística em relação a temperatura do posterior, níveis de cortisol, colesterol, albumina, proteína sérica total e paraoxonase entre as vacas IND e CON (P>0,05). Em relação ao perfil endócrino, as vacas IND apresentaram níveis inferiores de estradiol no D0 (51,9±16pg/ml) em relação aos dias 2, 4, 8 e 12 (acima de 2000pg/ml; P<0,05). Os níveis de progesterona das vacas IND em D4 (9,4±1,6ng/ml) foram significativamente superiores (P<0,05) aos observados no mesmo momento nas vacas CON (4,2±0,3ng/ml). Com base no perfil endócrino de P4 observado no experimento 1, em um segundo experimento investigou-se a possibilidade de utilizar a via vaginal para suplementação de P4. Não houve diferença nos níveis de P4 circulantes nas fêmeas dos grupos 1g e 1,9g de P4 intravaginal, porém, ambos os grupos apresentaram níveis inferiores em relação ao grupo 3,8g de P4. Conclui-se que o manejo diário e as injeções de hormônios do protocolo de IAL não promovem alterações significativas em marcadores de estresse e de reação inflamatória, sendo o maior transtorno
relacionado ao prolongado período de estro. Ainda, os níveis de progesterona observados sugerem a possibilidade de utilização de dispositivos intravaginais em substituição às injeções diárias. As informações obtidas neste estudo darão suporte ao aprimoramento dos protocolos de indução.
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