Avaliação das emissões acústicas antropogênicas no centro da cidade de Pelotas, RS, Brasil
Abstract
Diante do crescimento desordenado das cidades, atrelado ao aumento da densidade demográfica surge fontes de ruído capazes de gerar impacto ambiental negativo e danos significativos à população. Considerado uma das principais fontes de poluição do planeta nas aglomerações urbanas, é indispensável a identificação dos níveis de pressão sonora, assim como o impacto na vida das pessoas. Perante da inexistência de estudos sobre o ruído acústico antropogênico na cidade de Pelotas/RS, evidenciou-se a necessidade de avaliar qualitativamente e quantitativamente os locais com provável impacto ambiental causado pela incidência de poluição sonora na área central da cidade. Realizou-se a medição dos níveis de pressão sonora com um sonômetro integrador, obtendo o valor do LAeq em 260 pontos distintos, localizados no entorno dos hospitais, praças, educandários e esquinas dos cruzamentos das ruas centrais da cidade. Foram calculadas as doses percentuais dos níveis de pressão sonora nos períodos diurno e noturno, se atribuindo 6 dB como fator de duplicação de dose. Além disso, moradores, trabalhadores e visitantes da região central da cidade foram entrevistados com intuído de avaliar sua percepção quanto ao ruído. Constatou-se que 98% das medições realizadas nos cruzamentos das ruas estão acima dos limites recomendados na NBR 10.151 e que todas ultrapassam o limite municipal, sendo que mais da metade estão entre 400 a 800% da dose, chegando em alguns pontos a valores superiores a 1600% para o período noturno, ultrapassando 4 vezes o limite estabelecido. As ruas Dom Pedro II, General Osório, Professor Araújo/Saldanha Marinho/Manduca Rodrigues, Félix da Cunha e Gonçalves Chaves lideram o ranking de maior incidência de poluição sonora, sendo a Santa Cruz a menos ruidosa. No entorno dos hospitais as doses de ruído foram mais altas no período noturno, ultrapassando 3 vezes o limite estabelecido, sendo no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas a maior incidência. No entorno dos centros educacionais as doses medidas excederam os limites estabelecidos na legislação, nos períodos diurno e noturno, destacando-se o entorno da UCPEL, cujas doses noturnas atingiram valores superiores a 3200%, ultrapassando em mais de 5 vezes o limite. Nas praças, se obteve níveis de pressão sonora abaixo do limite estabelecido para o período diurno, tanto para as medições no entorno quanto no interior. Pelas entrevistas, constatou-se que a maioria dos entrevistados considera ruidoso o centro da cidade de Pelotas, apontando o trânsito de veículos como a principal origem do ruído, 78% referiu incomodar-se com o ruído, sendo que a frequência dos sintomas relatados foi irritabilidade, seguido de dor de cabeça, baixa concentração, zumbido nos ouvidos, dificuldade para compreender sons e insônia. Portanto, se considera poluída acusticamente a área central de Pelotas, denotando a falta de planejamento urbano, principalmente no que tange a localização dos hospitais, centros educacionais e espaços destinados ao lazer. A situação é crítica, pois além de pouco divulgado, se configura real e pouco percebido, alertando para mais um perigo presente no cotidiano da população presente na região estudada. Acredita-se que o estudo possa contribuir como apoio à decisão dos gestores públicos quanto ao direcionamento de recursos e ações visando a melhoria das condições ambientais, principalmente conforto acústico e qualidade de vida das pessoas.
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