Cinescrita das salas universitárias de cinema no Brasil.
Resumo
Buscando pensar além dos modelos tradicionais de exibição comercial de filmes, esta tese viaja pelos curtos-circuitos de vazamento, modos artesanais de proceder, em uma aposta nos projetos alternativos de difusão, mais precisamente cinemas localizados em universidades públicas. O objetivo é vasculhar quais experiências as salas universitárias permitem na contemporaneidade, sobretudo no que diz respeito às relações com o cinema independente brasileiro. Para tanto, coloca-se em prática o método cartográfico com um arredor cinematográfico: uma cinescrita inspirada sobretudo na maneira de filmar de Agnès Varda. Ao analisar a multiplicidade de perfis e modos de funcionamento das nove salas universitárias de cinema que formam o corpus da pesquisa, a cinescrita lança mão de uma linguagem mais cotidiana, que roça nos procedimentos cinematográficos, valendo-se da fabulação de cenas e da
invenção de personagens para dar conta das intensidades de uma pesquisa de campo que percorre do sul ao nordeste do país. Uma cinescrita composta também por frames, que agem como rastros cartográficos; por vídeos oferecidos como experiências visuais e por uma estratégia de composição baseada na montagem, costurando tramas e nós. Trata-se de um experimento encharcado de cinema, que flerta com diferentes noções sobre experiência, a partir de um referencial teórico que dialoga,
sobretudo, com Sales Gomes, Rolnik, Didi-Huberman, Rancière, Deleuze e Guattari. Deste emaranhado, a cinescrita alinhava três nós, criando uma paisagem afetiva das salas universitárias: curadoria do afeto; experiência do estar-junto e micropolítica do experimentar. Assim, a tese aposta na
potência de um circuito de exibição sem fins lucrativos, ao afirmar a força das universidades públicas brasileiras para atuarem como dispositivos de novas partilhas a partir do cinema.
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