Movimentos discursivos na produção de currículo da educação profissional para jovens e adultos no Instituto Federal de Educação Farroupilha.
Resumo
Este estudo propõe uma análise discursiva em torno da produção curricular dos
cursos destinados à educação profissional de jovens e adultos no âmbito do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha. Especificamente, analisa as
articulações discursivas das políticas curriculares do Programa Nacional da
Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade Educação de Jovens
e Adultos (PROEJA) e do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Médio e
Emprego (PRONATEC), atualmente vigentes nos Institutos Federais no Brasil.
Interroga-se sobre os movimentos de integração e desintegração curriculares
vigentes em ambos os programas, buscando-se analisar como os movimentos de
integração e desintegração curriculares, por meio de práticas articulatórias,
produzem sentidos na organização do trabalho docente. Esta pesquisa, de cunho
qualitativo, sustenta-se nas contribuições da teoria discursiva de Ernesto Laclau e
Chantal Mouffe e para a análise do corpus ainda serão mobilizados alguns
dispositivos da Análise Crítica do Discurso (ACD). Como contexto de análise, a
pesquisa parte da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996)
incluindo-se, neste estudo, a análise das principais políticas públicas educacionais
para a educação profissional de jovens e adultos, no período relativo à década de
1990 até a contemporaneidade. A parte empírica do estudo consistiu na geração de
dados, a partir dos discursos dos professores de três campi do IFFarroupilha
(Alegrete, São Vicente do Sul e Júlio de Castilhos) por meio de momentos de
interação orientados pela técnica de entrevista semiestruturada. A partir desses
dados analisou-se as articulações em torno das práticas discursivas no que diz
respeito aos momentos de integração e desintegração curriculares e os efeitos de
tais movimentos sobre o trabalho docente. Conclui-se que antes de o trabalho
docente estar atrelado a políticas que ora trabalham para integrar e ora trabalham
para desintegrar o currículo, há que se pensar em oportunizar que os currículos da
educação profissional apresentem propostas engajadas com a redução das
desigualdades sociais, oferecendo meios de acesso e, principalmente, de
permanência e sucesso escolares para os sujeitos inseridos na educação
profissional de jovens e adultos. Considera-se que integração curricular está ligada
ao conceito mais amplo de educação democrática. Portanto, parte dos problemas
reais que incitam a participação dos estudantes na exposição das suas próprias
experiências. E é nesta concepção que se assenta o entendimento de currículo
justo: aquele que se abre à amplitude e apelo às práticas democráticas,
configurando-se como um aspecto crucial da concepção do currículo.
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