Espelho, espelho meu, eu sou bela?: estudando sobre jovens mulheres negras, discurso estético, mídia e identidade.

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Data
2008-06-24Autor
Soares, Diony Maria Oliveira
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No presente estudo, proponho-me a analisar o impacto do discurso estético
hegemônico sobre jovens mulheres negras, estudantes e residentes na cidade
de Pelotas, localizada na Metade Sul do estado do Rio Grande do Sul, a partir
da abordagem deste discurso nas produções mídiáticas em geral, tendo em
vista o processo identitário destas jovens. Para tal, optei pela metodologia
qualitativa articulando pesquisa bibliográfica e coleta de depoimentos. Como
pano de fundo, problematizei os temas mídia, raça, identidade e gênero,
utilizando prioritariamente como referencial teórico a experimentação de
articulações entre proposições de Michel Foucault e dos Estudos Culturais,
com destaque para reflexões de Stuart Hall, bem como os Estudos Feministas
e os Estudos Negros. Entre os achados, detectei que há uma tendência de
aprisionamento de personagens femininas negras, bem como de mulheres
negras, em um território de subalternidade, que está naturalizado e é pouco
contestado. Já o contexto local do lugar do estudo revelou-se submerso em
uma política de subjetivação que nega a presença-existência da população
negra, a partir da manutenção da subjetividade colonial e da re-alimentação do
dispositivo do branqueamento. Todavia, ainda que algumas das falas das
estudantes apontem para um ideário estético embranquecido,
contraditoriamente também demonstram que tais jovens negam aquilo que não
é espelho. Elas identificam o discurso estético hegemônico/midiático
reconhecendo imediatamente a ausência de imagens de pessoas negras,
afirmam que não sabem o porquê disso acontecer e pinçam deste universo, no
qual a maioria das mulheres é branca, quase que exclusivamente mulheres
negras como representantes do seu padrão ideal de beleza. Salientam-se, no
conjunto da pesquisa, tensões relativas às questões étnico-raciais e de gênero
(e de classe), das quais considero relevantes as relacionadas com a economia
do afeto. O espelho parece estar partido.
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