A construção das identidades dos benzedores de São Miguel das Missões/RS a partir de suas memórias e tradições.

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Data
2021-03-23Autor
Silva, Juliani Borchardt da
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Esta tese busca estudar a construção das identidades dos benzedores atuantes na
localidade de São Miguel das Missões/RS a partir de suas memórias e tradições, a
fim de demarcar e debater a respeito dos principais elementos que envolvem os
processos materiais e imateriais que os compõem. O ofício de benzer, prática
popular representada pela busca de cura e proteção por meio da fé, manifesta
concepções de mundo característico de seus praticantes. Noções de fé, saúde, vida
e morte são construídas e compartilhadas socialmente, sendo que processos
memoriais marcam o imaginário e as relações entre os benzedores e a comunidade
em que estão inseridos, sendo ambos indissociáveis no que se refere à existência
de benzedores e ao reconhecimento destes, por parte da comunidade. Tais relações
são sociais e envolvem a prática, o discurso, as crenças e os valores relacionados
às experiências que cada benzedor construiu ao longo de sua vida, seja no âmbito
familiar ou coletivo, sendo estas determinantes, e também essenciais, para a
construção das imagens desses sujeitos perante a sociedade. Nesse sentido, a
respectiva pesquisa é direcionada aos benzedores atuantes na localidade de São
Miguel das Missões/RS, no que toca à construção de suas identidades a partir de
memórias e tradições desenvolvidas e compartilhadas coletivamente. Essas
identidades se desenvolvem de forma plural e são diuturnamente influenciadas por
distintos fatores, quer sejam: família, religião, patrimônio histórico, governo,
natureza, comunidade, medicina, demais benzedores, bem como outros elementos
que podem, a posteriori, intervir nas expressões corporais, simbólicas e orais do
ofício de benzer. Para tanto, utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica
relacionada aos temas ligados a benzimentos, memória, cultura, tradição, identidade
e demais assuntos afins. Da mesma forma, realizou-se o acesso a acervos públicos
e particulares, em especial às residências dos benzedores, os quais forneceram
elementos importantes no curso da investigação por meio de observação direta e
participativa. De maneira predominante, utilizou-se a história oral para o
desenvolvimento qualitativo da pesquisa, a partir da qual, por meio de entrevistas
realizadas junto a uma parcela destes sujeitos, identificaram-se em suas narrativas
os principais elementos que envolvem o ofício, momento de escuta que
proporcionou identificar a significação de histórias, a reutilização de objetos, a
ressignificação de doenças e a legitimação de suas identidades, manifestando,
assim, por intermédio da oralidade, as referências tradicionais desta prática ao longo
do tempo. A hipótese, portanto, que demarca os resultados da presente pesquisa, é
de que os sujeitos identificados como benzedores, atuantes na comunidade
miguelina, possuem sua prática alicerçada, a priori, em processos memoriais
produzidos socialmente, os quais, transmitidos entre gerações, efetivam um ofício
tradicional que demarca as identidades de seus praticantes e da comunidade onde
vivem.
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