Homem marginal e colonialismo interno: uma ausência latino-americana na epistemologia de(s)colonial.
Abstract
As críticas dirigidas ao mito de uma modernidade autocentrada na concepção hegemônica de ciência moderna, e arregimentada na província Europa, constituem um programa central na sociologia latino-americana. É um projeto que examina criticamente as pretensões universalistas das ciências sociais em relação ao passado e ao presente não-ocidental determinando uma aplicabilidade controversa nas histórias locais. Esta dissertação trata da amplitude dialética dos conceitos formulados pelo Grupo Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade e que alimenta novas elaborações sobre diversos conceitos próprios da teoria social latino-americana. São esforços críticos empreendidos para demonstrar os limites e apresentar alternativas às teorias europeias hegemônicas. O alcance fecundo desta epistemologia/ontologia de(s)colonial, que se projeta como uma ciência em construção por distintos autores e em contextos dispersos, potencializa a teoria social latino-americana, em especifico, a anticolonial. A problemática assenta-se nesta originalidade dos novos empreendimentos teóricos e metodológicos de(s)coloniais ante a racionalidade eurocêntrica. Neste sentido, formulamos um problema pertinente para as propostas metodológicas do Grupo e que nos orientou: em que medida sua proposta epistemológica de um giro decolonial não repõe questões provincianas do contexto europeu na extensividade ontológica latino-americana? O objetivo é realizar uma apreciação crítica acerca da produção de conhecimento da teoria social latino-americana retomando sociologicamente a proposta de(s)colonial e atendo-se, especificamente, às permanências da colonialidade na América Latina. Compreendemos que o Grupo tem produzido conceitos capazes de instrumentalizar e apresentar os limites dos pressupostos teóricos hegemônicos que circulam pelo mundo. Nosso interesse reside numa possível e latente opção epistemológica em sua produção teórica enquanto um saber de(s)colonial. Deste modo, afirmamos que o Grupo Modernidade/Colonialidade/ Decolonialidade pleiteia uma igualdade simétrica de ignorar determinados cientistas sociais. Ora, esta referência original detém a capacidade de legitimar uma teoria social e, tal qual a proposta eurocêntrica, não afeta sua qualidade de trabalho. Doravante, as presenças frequentes de Michel Foucault, Norbert Elias, Jürgen Habermas, Karl Marx, entre tantos outros eurocêntricos, contrasta com a ausência destacada de sociólogos latino-americanos, em especifico, conceitualmente pelo colonialismo interno de Pablo Gonzáles Casanova e metodologicamente no homem marginal de Florestan Fernandes.
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