Variabilidade morfogenética e virulência de populações massais e mosnospóricas de Colletotrichum lindemuthianum e ocorrência de C. cliviae, pela primeira vez, em Phaseolus vulgaris
Resumo
A antracnose do feijão causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, é a principal doença que acomete a cultura. O fungo possui elevada variabilidade morfológica, patogênica e genética constatada inclusive entre isolados de uma mesma raça. Pouco são os trabalhos que exploram a variabilidade existente dentro de uma população massal, sendo padronizado o uso de uma única cultura monospórica por isolado. O trabalho teve como objetivo avaliar a variabilidade morfológica, patogênica
e genética de populações monospóricas de uma mesma população massal de C. lindemuthianum. A partir de amostras de feijão de diferentes regiões do Rio Grande do Sul, foram obtidos doze isolados massais, e dez monospóricos de cada massal, para um total de 131 isolados. Foi identificada a raça de cada isolado massal pelo sistema binomial nas diferenciadoras de feijão. Foi realizada a caracterização
morfocultural, considerando o formato e cor das colônias, índice de crescimento micelial, diâmetro final da colônia, esporulação e formato dos conídios. As diferenças foram constatadas por analise multivariada e pelo teste de Scott-Knott 5%. Foram selecionados 43 isolados para avaliação da virulência quando inoculados em plântulas, e taxa de transmissão quando inoculados em sementes da cultivar Pérola. A partir de 66 isolados, foi realizada a caracterização molecular utilizando seis
marcadores URP. Foram construídos dendrogramas de similaridade pelo método UPGMA utilizando o coeficiente de Jaccard. Como base os resultados, foram identificadas as raças 64, 75, 81, 337, 377, 857, 1361, 2041 e 2045. Foram constatadas diferenças morfológicas entre monospóricos de uma mesma população massal, com destaque para os isolados de LSPCL1, LPSCL15 e LSPCL20.
Resultados de virulência e transmissão semente-plântula mostraram diferenças nos índices da doença em plântula e taxas de transmissão entre isolados monospóricos, sendo expressiva dentro dos grupos de isolados LPSCL15, LSPCL16 e LSPCL18. A análise molecular demonstrou a existência de variabilidade genética entre isolados monospóricos de uma população massal, principalmente dentro da população de isolados de LPSCL20, LSPCL16 e LSPCL11. Por outro lado, a partir de folhas com
sintoma de antracnose foi isolado um patógeno apresentando estruturas reprodutivas associadas à sexuada de fungos. Foi realizada a caracterização morfológica, patogênica e genética para a identificação do agente causal. O fungo apresentou a formação de peritécios, ascas unitunicadas e ascósporos elipsoides a curvos, em meio de cultura Mathur. O teste de patogenicidade demonstrou que o fungo causou lesões em folhas de feijão Campeiro e formou peritécios férteis na superfície das
mesmas. A análise molecular das regiões ITS2, GAPDH e TUB2, revelaram que o novo agente causal de doença em feijão corresponde a fase teleomórfica de C. cliviae.
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