Putativas inter-relações entre a síntese de carotenóides, ácido abscísico, flavonoides e ácido L-ascórbico durante a maturação de morangos (Fragaria x ananassa cv. San Andreas)
Resumo
O morango, Fragaria x ananassa Duch., é consumido amplamente devido suas
características sensoriais atrativas como sabor, aroma e aparência. Além de ser uma
cultura importante, o morangueiro é um modelo de pesquisa para frutas não
climatéricas, devido ao seu porte e o seu rápido cultivo. Diversos estudos têm relatado
o papel do Ácido Abscísico (ABA), um fitohormônio oriundo da degradação de
carotenóides fotossintéticos, na indução de antocianinas de frutos não-climatéricos.
Porém, as inter-relações entre ABA, carotenoides e compostos de metabolismo
especializado, como fenilpropanóides e ácido L-ascórbico (AsA) ainda não foram
elucidadas, e pouco se sabe sobre a dinâmica temporal de acúmulo de compostos
especializados neste fruto. No presente trabalho objetivou-se colocar a hipótese a
prova de que para que ocorra o processo de amadurecimento dos frutos, ocorre
inicialmente o aumento na síntese de carotenóides, seguido da bioconversão em ABA,
culminando na indução do processo de amadurecimento de frutos de morango. Para
tanto, o delineamento experimental foi pensado para abranger o maior número de
estádios de desenvolvimento, totalizando 9 estádios da cultivar San Andreas. Para o
ensaio da hipótese, foram projetadas duas dimensões de análise, uma bioquímica
através de UFLC-MS/MS (cromatografia liquida de alta eficiência acoplada a
espectrômetro de massas em tandem) e outra genômica através de RT-qPCR( reação
em cadeia da polimerase quantitativa em tempo real). Apesar disso, apenas algumas
das análises bioquímicas previstas foram realizadas, sendo elas: sólidos solúveis
totais; teor de ABA, ABA-glicosilado, ácido faseico, ácido dehidrofaseico; teor de ácido
L-ascórbico; fenilpropanoides; antocianinas. Esses resultados foram compilados em
um artigo, cujo tema foi a relação entre o ABA e o AsA e os fenilpropanóides,
oferecendo novas perspectivas sobre a regulação do ABA. Neste estudo, observouse que o teor de sólidos solúveis totais reduziu nos estágios inicias e aumentou nos
de crescimento e voltou a reduzir no amadurecimento. Além disso, com o
amadurecimento observou-se um aumento do conteúdo de ABA, de AsA e de
pelargonidinas. O teor de cianidina aumentou nos estádios iniciais e logo reduziu,
apresentando correlação negativa com o teor de ABA. O PCA (análise de
componentes principais) e PLS (regressão parcial de mínimos quadrados) permitiram
definir grupos distintos de amostras de acordo com seu perfil bioquímico e verificar
que os compostos que mais contribuíram para esta distinção foram AsA, catequina e
pelargonidina 3 glicosídeo. No entanto, devido aos contratempos, o cerne principal da
hipótese não pode ser questionado, e a relação de carotenoides e o ABA ainda
permanece inconclusiva. Ainda permanecem perguntas a respeito do ciclo das
xantofilas que parece relevante para entender a regulação de ABA, a disponibilidade
de AsA e seus respectivos acúmulos nos frutos. Assim, espera-se que esse estudo
possa contribuir para os novos estudos científicos e tecnológicos que virão a respeito
de células vegetais e o processo de amadurecimento em frutos.
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