O teto de vidro na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica do Brasil: relatos de mulheres gestoras.
Resumo
São indiscutíveis os avanços em relação à pauta da desigualdade de gênero e sua
visibilidade na mídia e no debate corrente público, ainda assim, não se vive em uma
sociedade igualitária para homens e mulheres. Vê-se ainda, um cenário de
participação feminina reduzida nos espaços de poder, nesse sentido, a hegemonia
masculina no topo das organizações é frequentemente explicada a partir do fenômeno
conhecido por teto de vidro, que remete a uma barreira sutil, porém suficientemente
forte, que dificulta a ascensão feminina aos postos mais altos da hierarquia
organizacional (STEIL, 1997). Apesar dos preconceitos, explícitos e velados,
mulheres têm conseguido transpor essas barreiras e têm ocupado cada vez mais
espaço na sociedade, assumindo cargos de nível estratégico e de poder decisório nas
organizações. Consciente das dificuldades persistentes, este estudo pretendeu
compreender a percepção de mulheres ocupantes dos cargos mais altos na hierarquia
dos Institutos Federais (CD-1 e CD-2) quanto à ruptura do teto de vidro em suas
trajetórias profissionais. Para isso, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, de
abordagem descritiva, com a realização de entrevistas, via web, baseadas em roteiro
semiestruturado. A escolha pela pesquisa na área da educação se justifica na medida
em que é reconhecidamente um setor permeado pela atuação feminina. Optou-se por
conhecer as condições de trabalho das mulheres que atravessaram o teto de vidro
para contribuir com a literatura sobre o tema, buscando, por meio das protagonistas,
alternativas para a superação do fenômeno. Os achados da pesquisa indicam que,
embora não haja dúvidas sobre a capacidade profissional das gestoras, suas
trajetórias não são isentas da manifestação de preconceito e discriminação e os
fatores constituintes do teto de vidro seguem afetando negativamente a carreira delas,
que cotidianamente têm de superar desafios e dificuldades resultantes do sexismo
que permeia a sociedade. Como proposta de intervenção indica-se a estruturação de
processos formativos, que atendam desde os estudantes aos servidores, criação de
espaços para o debate do tema, programas de incentivo à liderança feminina e a
adoção de regulamentos institucionais que visem a equidade de gênero nos cargos.
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