Propagação por estaquia de porta-enxerto de pessegueiro e ameixeira
Abstract
O cultivo do pessegueiro é uma das principais atividades frutícolas da região
Sul do Brasil, sendo o Estado do Rio Grande do Sul o principal produtor. A produção
das mudas é tradicionalmente realizada através da enxertia sobre porta-enxertos
obtidos de sementes provenientes de fábricas de conservas e não possuem garantia
de qualidade genética e sanitária. Devido aos problemas de segregação genética
das sementes desse tipo de material utilizado, a multiplicação de porta-enxertos por
estaquia é o mais indicado, pois permite a obtenção de plantas com as mesmas
características genéticas da planta-matriz, além de garantir a maior uniformidade do
pomar. Entretanto, a propagação destas espécies, por estaquia, necessita de
controle de diversos fatores (aplicação exógena de reguladores de crescimento,
época adequada para proceder a estaquia, ambiente de enraizamento, etc.) visando
melhorar a formação de raízes adventícias, já que este tem sido um dos principais
problemas do uso da técnica em várias espécies de Prunus spp. Portanto, o trabalho
foi dividido em dois capítulos. No primeiro, testou-se a ontogenia dos ramos
(herbáceos e semilenhosos) e a posição da estaca (basal e apical) e avaliou-se o
enraizamento adventício em porta-enxertos de pessegueiro cv. Okinawa e Tsukuba
1 e de ameixeira cv. Julior e Mirabolano 29-C. Estacas foram preparadas com 15
cm, preservando-sedois pares de folhas inteiras, e acondicionadas em vermiculita
fina sob nebulização intermitente por 50 dias. Observou-se que, tanto nas estacas
herbáceas como nas semi-lenhosas, as porcentagens de enraizamento das
cultivares Mirabolano 29-C, Tsukuba-1 e Okinawa foram superiores a 80%, nas
estacas apicais, porém sendo sempre maior na cv. Mirabolano 29-C, a qual também
apresentou maior número e massa seca das raízes. Em relação à parte aérea,
‘Mirabolano 29-C’ teve 96,65% de estacas brotadas, com maior número e massa
seca das brotações. No segundo capítulo, avaliou-se o estado nutricional das
plantas matrizes, a influência do AIB no enraizamento adventício de estacas
oriundas de ramos herbáceos e semi-lenhosos de pessegueiro cv. Flordaguard e de
ameixeira cv. Genovesa e Marianna 2624. O preparo das estacas e o
acondicionamento foi idêntico ao descrito anteriormente, com a diferença que se
usaram dois tratamentos: controle, sem uso de AIB, e uso de AIB (2.000 mg L-1). O
enraizamento das estacas herbáceas tratadas com AIB proporcionou enraizamento
maior que 80% para todas as cultivares, enquanto que nas semi-lenhosas foi de
90% para ‘Genovesa’ e ‘Marianna 2624’, e de apenas 30% para ‘Flordaguard’.
‘Genovesa’ apresentou o maior número, o comprimento e a massa seca das raízes,
em todos os tratamentos, e em ambas épocas de coleta. As diferentes porcentagens
de enraizamento das cultivares, podem estar relacionados aos diferentes níveis de
alguns nutrientes, como Fósforo e Ferro. Os resultados obtidos neste trabalho
reforçam que a nutrição das plantas matrizes e o enraizamento adventício de
estacas de porta-enxertos de Prunus são importantes. O conhecimento sobre as
variações do desenvolvimento das raízes através da utilização de diferentes técnicas
e as informações aqui geradas, podem ser utilizadas na seleção de genótipos mais
adequados a este tipo de propagação e finalidade, bem como para estimular a
propagação vegetativa em nível comercial de genótipos selecionados para uso como
porta-enxertos.
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